Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 766

ECOS DA MEMÓRIA LITERÁRIA EM
A MISTERIOSA CHAMA DA RAINHA
LOANA
, DE UMBERTO ECO
Paulo Fernando Zaganin ROSA
1
RESUMO:
O romance de Umberto Eco,
A misteriosa chama da rainha Loana
(2005),
é considerado por muitos críticos uma forma disfarçada de autobiografia do próprio
autor, que procura recuperar suas memórias de infância, através de recursos
intertextuais como a colagem, a citação e a alusão, bem como interdiscursivos,
incluindo na obra figuras e imagens. Eco emprega, como sempre fez, o procedimento
intertextual para resgatar, passo a passo, a memória da literatura, usando para isso um
protagonista que, ao perder suas próprias memórias, só pode se reencontrar a partir da
memória social, que ele resgata através da leitura das ilustrações. Nosso trabalho
consiste em identificar e analisar os recursos intertextuais e interdiscursivos usados por
Eco para construir esse romance, a fim de investigar seu processo criativo e verificar
como o uso desse procedimento resulta em um texto literário capaz de resgatar a
memória da literatura e a do próprio autor da obra.
PALAVRAS-CHAVES:
Umberto Eco;
A misteriosa chama da Rainha Loana
;
Intertextualidade; Interdiscursividade; Memória Literária.
Umberto Eco é autor de vários textos teóricos fundamentais para a
compreensão da obra de arte contemporânea, tais como
Obra aberta
(1962),
A estrutura
ausente
(1968) e
Lector in fabula
(1979). Este último é um tratado de semiótica
literária, dedicado à decodificação interpretativa dos textos narrativos, que coloca em
evidência os mecanismos de estratégia pelos quais o autor constrói, no interior do texto
literário, uma imagem exata, ideal e especulada, de leitor modelo. Em 1980, Eco faz a
sua primeira experiência como romancista, com a publicação de
O nome da rosa
, que
alcançou um enorme sucesso mundial de vendas, ao qual seguiram-se outros cincos
romances:
O pêndulo de Foucault
(1988),
A ilha do dia anterior
(1994),
Baudolino
(2000),
A misteriosa chama da rainha Loana
(2005) e
O cemitério de Praga
(2010).
Nosso objeto de estudo é o quinto romance de Eco,
A misteriosa chama da
rainha Loana
, considerado por muitos críticos uma forma disfarçada de autobiografia
do próprio autor, que utiliza elementos da cultura popular para recuperar memórias de
1
Paulo Fernando Zaganin Rosa, Mestre em Letras (Área de Literatura e Vida Social) pela UNESP – FCL
de Assis. Professor da FRAN - Faculdade Ranchariense (SP/Brasil) e do CEETEPS – Centro Estadual de
Educação Tecnológica Paula Souza (SP/Brasil), e-mail:
.
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