Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 748

sobre qual personagem o locutor se referindo. A questão da hereditariedade pode ser
vista aqui pelo prisma daquilo que é deixado e que não muda dos problemas humanos.
De certa forma, e com justificado entusiasmo, todos colaboramos para aquela dinastia
que Machado de Assis desprezou, fazendo seu personagem mais importante não
transmitir a ninguém o legado da miséria humana.
Há no texto jornalístico uma discussão sobre as questões relativas à
transmissão de um “legado”, cuja explicação não está evidente no texto. Pode-se inferir
por meio das pistas deixadas pelo locutor que se trata justamente das informações sobre
as
celebridades
ou a
realeza
britânica que não interessam diretamente a maioria das
pessoas, são inúteis, mas que atraem a curiosidade pública, fazendo disso um
“espetáculo”, conforme o próprio artigo sugere.
O produtor do texto 2 conta com a capacidade do leitor em identificar as
referências a outras obras sem que exista uma explicação sobre elas.
Ao se analisar os dois artigos, mesmo que não seja objetivo deste trabalho
apontar pontos semelhanças e de diferenças, percebe-se que, apesar de apresentarem
diferenças relativas ao estilo e ao tratamento do tema, há um ponto em comum: a
discussão sobre o efeito que as informações divulgadas pela mídia tem na sociedade.
Como se pode ver em:
Texto 1- “Observe-se que muitas notícias e manchetes de jornais e revistas estampam
que teria havido uma mudança de comportamento dos brasileiros em relação a
determinados hábitos [...]”.
Texto 2 – “[...] temas palpitantes que a mídia exploraria até aos limites permitidos pela
decência pública”
No texto 1, contudo, o assunto é tratado de modo mais formal quanto aos
recursos linguísticos (termos mais cultos) e também ao encadeamento das premissas. Já
no texto 2, há uma relação de confiança relativa aos comentários e ao modo como os
argumentos são articulados.
A linguagem jornalística é de fato permeada pelo cruzamento entre os dois
níveis de linguagem: formal e informal. De acordo com Lage (2003, p.38),
a conciliação entre esses dois interesses – de uma comunicação eficiente e de aceitação
social – resulta na restrição fundamental a que está sujeita a linguagem jornalística: ela
é basicamente constituída de palavras, expressões e regras combinatórias que
são
possíveis no registro coloquial e aceitas no registro formal
(itálico do autor)
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