Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 749

Assim sendo, é possível que o texto utilize tais registros como um expediente
em favor da discussão ali proposta, a fim de tornar mais próximo o discurso da
realidade de fala do leitor do jornal.
O gênero artigo de opinião: um recurso didático
Alguns pesquisadores da área de língua portuguesa apontam que os gêneros
jornalísticos, diferentemente dos literários, constituem na verdade modelos que devem
ser utilizados no estudo de língua portuguesa por apresentarem a chamada linguagem
“padrão”, devido à uniformidade gramatical, ou seja, pouca variação linguística e
também estilística em todo o Brasil. Assim, não só por se tratar de um meio de divulgar
informação, mas por ser também um expediente propício para o estudo linguístico, os
textos jornalísticos exigem uma descrição de sua constituição e de suas relações.
O texto jornalístico, abrangendo diversos gêneros, pode ser uma maneira de
levar para as aulas de Língua Portuguesa uma discussão sobre os aspectos socioculturais
da realidade, bem como de levar o aluno ao desenvolvimento do raciocínio lógico
mediante o uso da língua.
Travaglia (2003) aponta que são quatro os objetivos de ensino de língua
materna a um falante nativo, a saber: desenvolver a competência comunicativa
(linguística e textual); levar o aluno ao conhecimento da variedade padrão da língua e da
escrita; conduzir o aluno a reconhecer a instituição social em que a língua consiste; e
levar o aluno a raciocinar logicamente.
Dentro dessa perspectiva, o trabalho com gênero em sala de aula pode
favorecer o alcance dessas metas. Haja vista que esses objetivos se relacionam com os
elementos textuais e lingüísticos apontados por este estudo.
O texto 1, por exemplo, traz o encadeamento de proposições para defender uma
tese: “a influência das pesquisas na formação da opinião pública”. Para questionar todo
processo de elaboração e de divulgação dessas pesquisas, o locutor aciona um plano
composicional e um estilo que garante ao texto um “ar” de respeitabilidade. Mesmo que
o leitor não concorde com suas ideias, o produtor do texto constrói um plano
argumentativo coerente, capaz de articular os mecanismos linguísticos em favor da
aceitação de sua tese.
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