Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 692

Aplicação: comentário do gênero capa no
JL
Esta etapa do artigo procura mostrar algumas características do gênero capa de
jornal, a partir do comentário das capas do
JL
,
publicadas na primeira semana de cada
ano, no período de 1990 a 2000. As capas estão dentro de uma situação de interação
social, dentro de uma esfera comunicativa, a jornalística. A pesquisa do gênero não
parte de categorias de análise pré-determinadas. O objetivo é buscar a apreensão de
certas regularidades, da organização e funcionamento social do gênero por meio de uma
abordagem sociológica baseada nos princípios de Bakhtin.
Em primeiro lugar, são propostos alguns apontamentos sobre a esfera jornalística,
mais especificamente sobre o Jornalismo Cultural. A meta é discutir, de modo sucinto, a
dimensão social desse tipo de discurso, como se dá a comunicação jornalística cultural
na sociedade, como se estabelece a recepção, a relação entre essa área do jornalismo e o
leitor. Em segundo lugar, passa-se a observação do gênero capa, utilizando, para isso,
duas estratégias metodológicas: a) o diálogo do discurso da capa com o momento
histórico, por meio do comentário do tema abordado, verifica-se até que ponto é
possível perceber uma interação entre as coordenadas de tempo e espaço com o discurso
publicado nas capas do
JL
; b) o diálogo entre as diversas capas publicadas ao longo dos
anos, a observação por amostragem permite ressaltar o que se mantém e o que muda no
gênero, uma vez que reflete a construção da identidade do periódico.
Diante dos múltipos aspectos que envolvem o Jornalismo Cultural, talvez, o que
mais interesse a este estudo seja o fato da obsessão pela atualidade, vista no jornalismo
diário, limitado, muitas vezes, em relatar as notícias das 24 horas de cada dia, não estar
entre as características desse jornalismo, que se propõe a revisar temas artísticos e
culturais. Assim, há a construção de uma “memória simbólica”, refletida no
comportamento de muitos leitores que colecionam exemplares dos periódicos culturais.
Conclui-se que a recepção se dá de um modo distinto, uma vez que os textos ali
encontrados, em geral, não têm um caráter perecível (GOLIN, 2009, p.27).
Por isso, o Jornalismo Cultural passa a ser encarado como discurso e forma de
conhecimento. Mesmo que se valha da “agenda” (comemoração do aniversário de
morte, nascimento de autores; lançamento de livros), o que faz através da reflexão,
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