Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 498

Identidade curitibana
A construção da identidade paranaense ocorreu a partir de agosto de 1853,
quando o Paraná deixou de ser parte da capitania de São Paulo e passou a existir como
unidade política e cultural. Até esse momento a história do Paraná era marcada pela
carência de identidade: não possuía uma história vigorosa, uma natureza característica,
nem lendas primitivas; era uma cidade sem fronteiras, servia apenas para passagem de
tropeiros; e a população era heterogênea, sem características comuns.
Com o final anunciado da escravidão, a partir da década de 1870, um grande
número de imigrantes europeus mudou o panorama da ocupação geográfica e racial do
Paraná (Camargo 2007, p. 24). É nesse contexto que se percebe a necessidade de se
criar uma identidade cultural e regional própria, que valorizasse o diferencial das
particularidades naturais e étnicas do estado.
Inicialmente, teremos
no Brasil, consequentemente no Paraná,
a teoria do
branqueamento, que, baseada no Darwinismo, pretendia 'clarear' a população do estado
por meio da mestiçagem, eliminando-se os negros. No entanto, as esperanças (teóricas)
de regeneração da raça brasileira pelo branqueamento não foram concretizadas, visto
que com a chegada dos imigrantes, o que ocorreu, de fato, foi um choque com a
realidade das diferenças culturais.
Assim, como essa primeira ideia de criação de uma identidade paranaense, com
base na construção da imagem do “imigrante ideal” (loiro de olhos azuis), não deu
certo, iniciou-se nova busca de uma identidade, porém esta
reconhecia a diferença e
tinha como ideal o progresso e o desenvolvimento social.
Surge, então, por volta do final do século XIX,
o Movimento Paranista, que,
com o apoio de intelectuais, artistas, literatos etc., cria uma imagem para o Paraná
constituída por
uma cultura e novas tradições regionais e uma realidade simbólica e
diferenciada, que englobasse os grupos étnicos presentes nesse estado.
No começo do século XX, o Movimento Paranista busca forjar uma identidade
cultural que terá como ideais o progresso, a civilização, o trabalho e a ordem, e
contribuirá para a criação de padrões de comportamento, transformando
a população no
tipo ideal paranista. Em relação à identidade regional, busca-se enaltecer a natureza,
criar mitos indígenas e promover heróis para servirem de exemplos para a população.
É, também, nessa época que o historiador Romário Martins funda a história
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