173
4 À guisa de conclusão: a memória em evidência.
Podemos concluir que os discursos sobre o pioneirismo também se
reproduzem no Cemitério São Pedro em Londrina por meio de lápides e epitáfios,
tendo em vista, que este é um lugar de memória por excelência. É importante
destacarmos que as políticas públicas acerca da memória são refletidas e/ou
incorporadas pela cultura material da necrópole, como se deu com os certificados de
Pioneiros de Londrina e as alterações nos túmulos em razão da construção do
Memorial do Pioneiro.
A memória é posta em evidência nos cemitérios, pois são lugares de
recordação. Recorda-se da pessoa que partiu da vida, essa é a função laica e cívica
do cemitério, e para isso são tecidas essas “narrativas materiais”, ou seja, baseadas
na materialidade do cemitério, sobre os feitos e contribuições do sepultado. Em uma
cidade com a memória em destaque, principalmente, acerca do pioneirismo, essas
manifestações da memória no cemitério são bastante contundentes, como procuramos
demonstrar.
Percebemos as manifestações da memória da construção de Londrina também
de outras maneiras no cemitério e que não passam, explicitamente, pela questão do
pioneirismo. É o caso de alguns jazigos em forma de capelas com pequenos altares
em seus interiores. Em algumas dessas “capelinhas” encontramos sobre os altares as
reproduções de placas de ruas com o nome dos sepultados. Essas mini placas eram
atribuídas pela Câmara de Vereadores aos familiares daqueles que eram
homenageados com seus nomes aos logradouros da cidade. Essas placas estão
nesses jazigos mostrando que ali jaz alguém importante para a coletividade, tanto o é,
que teve seu nome utilizado para o batismo de uma rua.
Imagem 13
– Jazigo com reprodução das placas de rua. Foto Bruno Sanches.
Fonte:
Acervo fotográfico do autor.