Segundo Benites (2002), o discurso direto é uma espécie de teatralização de uma
enunciação anterior. Ao contrário do discurso indireto, em que predomina a interpretação,
no discurso direto predomina a repetição, a imitação. As marcações linguísticas delimitam
graficamente as pausas e a mudança de locutor.
Risso (1978) caracteriza o discurso indireto como a subordinação do enunciado
citado ao enunciado citante, por um procedimento de integração gramatical quase sempre
marcado pelo conectivo integrante
que
mediando a relação entre as duas instâncias
discursivas.
Pautados nessas teorias, faremos, a seguir, a análise dos textos selecionados.
Estruturação polifônica do discurso citado
Retomemos, então, os questionamentos feitos na parte introdutória deste trabalho e
tracemos nosso objetivo para esta seção: 1) Identificar as formas de discurso citado na
palestra e na respectiva retextualização escrita e descrever como elas se estruturam para
marcar a polifonia de locutores.
Dentre os casos significativos encontrados no
corpus
, selecionamos dois excertos,
que foram dispostos da seguinte maneira: o primeiro, apresenta a citação na forma de
discurso direto na palestra e discurso direto também na retextualização escrita; já o
segundo, a citação aparece na forma de discurso direto na palestra e se modifica para
discurso indireto na retextualização escrita.
Discurso Direto (palestra)
Discurso Direto (retextualização escrita)
Para melhor explicar a construção polifônica desses textos, apresentamos, em
seguida, a descrição da sequência de ações na palestra e da sequência de marcas linguísticas
na retextualização escrita que apontam para a divisão de locutores.
Em Transcrição (1), indicamos os números que correspondem ao conjunto de ações
da palestrante simultâneas a sua fala, a saber: 1. Anuncia a leitura, aponta e olha para o
texto de apoio, explica a respeito do conteúdo da citação olhando para plateia; 2. Aponta