Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 989

O PROCESSO DE LEITURA DE UM ROMANCE HISTÓRICO
CONTEMPORÂNEO:
O CHALAÇA
(1994) DE JOSÉ ROBERTO TORERO
LACOWICZ, Stanis David
1
ESTEVES, Antonio R.
2
RESUMO:
O romance
O Chalaça
(1994), de José Roberto Torero, reconta eventos da
história do Brasil sob a perspectiva do secretário pessoal do Imperador D. Pedro I,
Francisco Gomes da Silva. Parodiando gêneros de memórias, é trazida para o centro da
narrativa uma personagem às margens do discurso histórico oficial, possibilitando
leituras subversoras das imagens cristalizadas a respeito do passado. A intensa
interpenetração de discursos efetuada nesse gênero narrativo e a complexa forma
discursiva que o mesmo engendra por meio da paródia, intertextualidade,
carnavalização, exige um leitor ativo na construção dos sentidos a partir do material
linguístico, embatendo conhecimentos pré-estabelecidos sobre os eventos históricos.
Destarte, propomos nesta comunicação a análise do papel dos mecanismos da paródia e
intertextualidade na construção de sentidos em
O Chalaça
(1994) por parte do leitor,
um processo de comunhão e embate leitor-obra e as vozes que ecoam na narrativa.
PALAVRAS-CHAVE:
O Chalaça
(1994); intertextualidade; paródia; carnavalização;
leitura
Recontar episódios da história brasileira, em especial referentes ao primeiro
império, é um dos direcionamentos seguidos pelo romance
Galantes memórias
admiráveis aventuras do virtuoso conselheiro Gomes, o Chalaça
(1994), de José
Roberto Torero. O texto constrói ficcionalmente o relato autobiográfico de Francisco
Gomes da Silva, amigo e secretário pessoal do imperador D. Pedro I, que busca, por
meio da escritura, reinserir-se em uma historiografia da qual fora excluído, atitude tal
qual a do pícaro que não possui ninguém mais que conte sua história, a não ser ele
mesmo. Tal apagamento dos registros oficiais se deve possivelmente pelo fato de que
Chalaça acompanhava seu amo, o imperador, nos mais diversos e pouco edificantes
eventos, possibilitando ao membro da família real os prazeres de uma vida plebéia, fora
de normas rígidas e formalizadas da corte, servindo-o inclusive na atividade de
alcoviteiro (intermediando seus encontros extraconjugais). Além do mais, o romance
projeta a intenção, já de natureza ficcional (parte do universo interno da obra), de fazer-
1
Aluno do programa de pós-graduação “Literatura e vida social” da UNESP/Assis. Nível mestrado.
Bolsista FAPESP.
2
Professor adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.– Doutorado em Letras
(Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo
(1995). Livre Docência em Literatura Comparada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho.
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