o país teve com seu governo. Após isso, a propaganda mostra os dois quadros lado a
lado, de JS e DR, e diz sobre qual a maneira de governar que o eleitor irá optar no dia
das eleições.
Dito isso, podemos dizer que as propagandas utilizam-se da memória discursiva
e do interdiscurso para poder falar e direcionar sentidos cada uma a sua maneira, ou
seja, elas recorrem a história e reatualiza já-ditos, como diz Mariani (1998), para
produzir efeito de uma memória no “momento futuro”. No caso aqui estudado, é
retomando essa memória sobre a atuação de cada ex-presidente, de acordo com cada
partido, que o telespectador poderá repensar o seu voto, já que se trata de uma
propaganda veiculada no segundo turno.
Podemos recorrer para falar de sujeito, brevemente, sobre o conceito de
ideologia para a produção dos efeitos de sentido que cada propaganda quis veicular. O
conceito de ideologia, na teoria discursiva, comparece como o mecanismo de
naturalização dos sentidos para um sujeito em uma posição social dada (PÊCHEUX,
1975), ou seja, em sua inserção histórica, o sujeito materializa os sentidos que lhe são
possíveis na posição em que está e na relação que mantém com o poder. Pêcheux (1975,
p. 105) afirma que
o sentido de uma palavra, de uma expressão, de uma proposição, etc., não existe ‘em si
mesmo’ [...] mas, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas colocadas em
jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são
produzidas.
Acerca da relação de sentidos, compreendemos que um discurso sempre se
relaciona com outros para se constituir. Dito de outro modo, há uma relação de um
discurso com outros para que esse possa ser sustentado em dizeres futuros. Trata-se de
um processo ininterrupto, de relação entre um determinado dizer com outros que já
foram realizados, imaginados ou os possíveis dizeres. Além disso, há a relação de força
implicada nesse processo, o que faz falar o lugar de onde o sujeito enuncia e onde é
constituído pelo seu dizer, isto é, de acordo com a posição social que o sujeito ocupa no
momento de sua enunciação, o seu dizer é apoiado pelo lugar de poder que lhe é
investido em dado momento, já que a sociedade se estabelece a partir de relações
hierarquizadas e assimétricas. Ainda, o mecanismo de antecipação comparece na trama
ideológica da linguagem, pois, ao tomar a palavra e ao dizer, o sujeito pode, no seu
imaginário, se deslocar para o lugar que se encontra seu interlocutor, antecipando os
sentidos que serão aceitos ou refutados, traçando uma representação a si mesmo, ao seu