mesmo tempo depende de comportamentos e de papéis sociais bem repertoriados”
(CHARAUDEAU, 2008, p. 168). Dessa forma, associado às imagens de crível, sério e
competente, temos o “bem falar” de Barba. O “bem falar” é caracterizado pelo autor
como uma maneira de falar elegante, que não necessariamente é a variedade padrão da
língua, mas que é reconhecida como representante de uma “posição elevada na
hierarquia social”. Os efeitos do bem falar, segundo ele, podem ser variáveis, pois
podem representar um “capital cultural” do candidato ou uma classe social contra a qual
se luta. No caso de Barba, podemos ver que a sua vocalidade não só ajuda na construção
do seu
ethos
, como é um ponto de adesão do eleitorado, pois o candidato, nesse caso,
estaria correspondendo a um imaginário coletivo do político inteligente e culto e que,
portanto, tem condições de governar.
Assim, podemos observar que a imagem de credibilidade é construída no e pelo
discurso do candidato e, para isso, são mobilizadas as imagens de competente e sério,
que por sua vez, trazem para a cena a figura do reitor, do gestor experiente e do
continuador. Além disso, o fiador ainda possui a vocalidade do bem falar e a
corporalidade necessária para a construção efetiva dos
ethé
de credibilidade.
Reflexões finais
Tendo em vista o que precede, pudemos refletir, mesmo que de forma breve, que
os
ethé
de credibilidade são construídos no discurso do candidato Oswaldo Barba por
meio de inúmeros recursos. Para pensá-los, mobilizamos um percurso epistemológico
que nos servisse de guia para a análise e, também, que nos mostrasse a mutação que
sofreu tal conceito com o tempo e seus autores.
Assim, para teorizar sobre o
ethos
invocamos, inicialmente, a Retórica
Aristotélica e sua
arte de persuadir
. A
Retórica
de Aristóteles acredita que se persuade
pelo caráter quando é criada uma imagem positiva de si mesmo que comporta três
qualidades fundamentais: a prudência, a virtude e a benevolência, qualidades que juntas
inspiram confiança. Esse bom caráter seria responsável por persuadir o auditório - mas
ele não é dito pelo orador, é mostrado. Em seguida, passamos para o
ethos
na teoria
polifônica de Ducrot, para o qual a noção de
ethos
está ligada à construção de uma
identidade e que ela é distinta dos atributos reais do locutor. A teoria, então, enfatiza a
fala como ação que objetiva influenciar o outro.