Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 325

digno para um não é para outro
”)
e como se relaciona discursiva e racionalmente com
outros.
Da mesma forma que quando discutimos a vida animal, não fazemos distinção
entre machos e fêmeas, somente entre espécies, os sujeitos do Orkut não vêem o ser
humano de maneira diferente por conta do gênero, sobretudo porque, como já
afirmamos, o argumento mais utilizado para discutir direitos humanos e o homem na
comunidade é o comportamento, apesar de em alguns momentos aparecerem
divergências desse teor na comunidade, na afirmação de que as mulheres teriam mais
legitimidade para discutir o tema aborto que os homens, pois teriam o direito de
participar politicamente da gestão de seu próprio corpo. O que é mais relevante para os
orkuteiros, assim como para Aristóteles, desse modo, é o fato de o ser humano
apresentar um núcleo essencial fixo, embora também sejam reconhecidas diferenças
culturais, religiosas entre os seres. Apesar disso, sua essência – o livre-
arbítrio/sociabilidade – existe da mesma forma, em todo ser humano, independente do
período histórico, possibilitando, dessa forma, a emergência de sentidos como “direitos
humanos para humanos direitos”. Reiteramos apenas que nem todos os integrantes da
comunidade do Orkut coadunam com esse sentido, embora sejam minoria. E mesmo
aqueles que estão a ele filiados, não estão no mesmo grau.
Na contemporaneidade, a concepção aristotélica de homem enquanto um ente
social, considerando-o um ser político
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, permite-nos pensar o homem em sua
pluralidade, haja vista que as comunidades não são iguais e o homem participa de
diversas ao mesmo tempo na sociedade em que está inserido. Ora, se os direitos
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Aristóteles concebe o homem como um “animal cívico”, parte da natureza de um conjunto maior, a
Cidade. Dessa forma, a concepção aristotélica de homem enquanto um ser político diz respeito ao ser
humano apresentar
poderes e funções específicas na Cidade, de modo a buscar o bem-estar da comunidade, sua perfeição,
por meio do seu dom inato do discurso e das noções de útil/nocivo, justo/injusto, dentre outras,
diferenciando-o dos demais animais. Para Aristóteles (2006, p.4), “o homem é naturalmente feito para a
sociedade política”.
Extraído do tópico “Aborto!”, da comunidade do Orkut “Direitos humanos para humanos direitos”.
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