Jornal Nosso Câmpus - Ano X ed. 31 - maio e junho de 2017 - page 3

CIENTÍFICO
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Nosso
Câmpus
MAIO E
JUNHO/2017
de receber uma mensagem que continha
o tratamento que proporcionaria a cura
da enfermidade. Essa mensagem deve-
ria ser interpretada por um sacerdote do
santuário.
Embora, inicialmente, as práticas
fossem quase sempre de natureza miste-
riosa, com o acúmulo de conhecimentos
e técnicas houve também a possibilidade
de uma abordagem controlada do tra-
tamento das doenças. Como resultado
disso, o santuário de Epidauro acabou
sediando a escola de medicina mais im-
portante da Antiguidade.
Hipócrates, descendente de Asclépio,
cujo juramento é ouvido até hoje, de-
senvolveria suas pesquisas e escreveria
seus tratados em Epidauro. Seus escritos
seriam muito influentes na história da
medicina ocidental, bem como em terras
muçulmanas, ao longo de todo o Medie-
vo e até o séc. XVIII.
O símbolo mais típico de Asclépio é
um bastão com uma serpente, os quais
aparecem em provavelmente todas as
suas representações imagísticas. Além da
serpente, a cabra, o cão e o galo também
são associados a Asclépio. Em uma das
versões do mito do seu nascimento, uma
cabra o amamentou e um cão lhe trou-
xe comida após a mãe tê-lo abandonado,
ainda recém-nascido, aos pés do monte
Epidauro. A serpente aparece em uma
história em que uma serpente é morta
por Asclépio com um golpe de seu bas-
tão e, logo em seguida, essa mesma ser-
pente é ressuscitada por outra serpente
que coloca um pouco de erva na boca
da primeira. Asclépio utilizou a erva que
ressuscitou a serpente abatida para salvar
a vida de um amigo, o que valeu a esse
animal seu lugar simbólico no bastão. O
galo também era consagrado, e sacrifica-
do, a Asclépio, já que anuncia o raiar do
Sol, figura de Apolo.
O deus da medicina tinha duas enti-
dades companheiras: Telésforo, o gênio
da cura, e Higéia, a deusa da saúde (MÉ-
NARD, 1991, p. 73). A imagem peque-
nina de Telésforo aparece em muitas das
representações de Asclépio.
Havia muitos santuários dedicados ao
deus da cura em todo o Império Roma-
no, os quais eram geralmente situados
em lugares onde havia águas famosas
por suas propriedades medicinais. Um
desses templos, localizado em Társis, no
atual Líbano, tornar-se-ia célebre, pois,
de acordo com Filóstrato, autor d’A vida
de Apolônio de Tiana, foi nesse santuário
que o sofista Apolônio de Tiana começou
suas reformas filosóficas e religiosas do
Paganismo, no séc. I d.C.
Nas artes plásticas, especialmente na
escultura, a figura de Asclépio é represen-
tada com o uso de diferentes materiais e
técnicas: de camafeus e moedas a altos-
-relevos e grupos escultóricos. A ima-
gem que acompanha este artigo é uma
representação moderna: uma escultura
em bronze do artista plástico Carl Bur-
ger (1875-1950), denominada Fonte de
Esculápio (Aesculap-Brunnen). A obra
é de 1910 e está localizada em uma pisci-
na pública, a Elisabethalle, da cidade de
Aachen, na Alemanha. A Elisabethalle é
um dos poucos prédios públicos rema-
nescentes do período conhecido como
Arte Nova alemã.
O principal símbolo de Asclépio, o
bastão com a serpente, sobrevive na ban-
deira da Organização Mundial da Saúde.
Referências
A
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Disponível em: <
-
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Aachen, Alemanha, é um exemplar da Arte Nova
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Disponível em: <
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Fonte: BURGER, C. “Aesculap-Brunnen”. 1910. Escultura de bronze
localizada na Elisabethalle da cidade de Aachen, Alemanha, é um exemplar
da Arte Nova alemã do início do séc. XX. Fotográfo: Anke Schütt. Disponível
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em: 31/5/2017.
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