Jornal Nosso Câmpus - Ano X ed. 31 - maio e junho de 2017 - page 2

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CIENTÍFICO
Nosso
Câmpus
MAIO E
JUNHO/2017
Asclépio, o Deus da Medicina
A religião dos gregos antigos, em con-
traste com os sistemas de crença monote-
ístas, sustentava que seus deuses não exis-
tiam desde sempre, mas que eram filhos de
outros deuses ou mortais e que, portanto,
era possível saber o lugar onde nasceram e
sua ancestralidade. De fato, os deuses do
panteão helênico pertenciam a diferentes
gerações divinas, e cada um deles relacio-
nava-se com alguma das regiões do mun-
do conhecido pelos antigos helenos. Por
causa disso, quando falamos sobre mitolo-
gia grega, é mais apropriado que usemos o
termo no plural (mitologias gregas), pois
cada região da Grécia tinha seu conjunto
de mitos e divindades locais.
É também importante distinguir dois
grupos principais de traços de caráter e
linhagens de deuses: os masculinos e os
femininos, já que os atributos divinos e as
características de personalidade, que eram
herdados, tinham a ver com diferenças de
gênero e ascendência.
Por exemplo, Apolo é um deus guerrei-
ro na Ilíada e um patrono das artes e da
exegese em Platão: uma divindade solar
e paradoxal cujo saber e poderes relacio-
nam-se, segundo os gregos antigos, com o
caráter masculino. Já a deusa Deméter,
senhora das colheitas e da fertilidade, é as-
sociada pelos helenos com a Terra-mãe ou
matriz universal, e é vista como divindade
telúrica, estritamente feminina (BRAN-
DÃO, 1996, p. 136-137, p. 283-287).
Asclépio, o deus sobre o qual discor-
reremos um pouco neste artigo, pertence
à quarta geração divina, é filho de Apolo,
neto de Zeus, bisneto de Cronos, tetraneto
de Urano. Sua história relaciona-se com
a mitologia da Tessália, região Central da
Grécia, onde se encontra o Monte Olimpo.
Seus atributos tem estreita relação com os
de seu pai.
Segundo o Dicionário de mitologia gre-
ga e romana de Grimal (1951, p. 55-56),
Asclépio era cultuado como deus e herói
das artes médicas.
Píndaro o registra como filho de Apo-
lo e de uma ninfa, Coronis. Existem duas
hipóteses para o seu local de nascimento:
Epidauro, uma cidade lo-
calizada no Peloponeso, o
que explicaria a origem do
maior centro de culto a As-
clépio, que se encontrava
ali, ou, segundo Ovídio em
suas Metamorfoses, ele teria
nascido na Tessália, perto do
sopé de uma montanha cha-
mada Mirtio.
Conhecido como Escu-
lápio no mundo latino, Asc-
lépio foi educado pelo sábio
centauro Quirão, que lhe
ensinou a medicina. Esses
ensinamentos, somados aos
atributos divinos que herda-
ra do pai, fizeram com que
obtivesse grande habilidade
nas artes da cura. De fato,
tornou-se o melhor médico
de seu tempo, chegando a ressuscitar os
mortos. Por causa desses feitos, incorreu
na inveja de Plutão, que reclamou a Zeus
pela perda de seus súditos, e este fulminou
Asclépio letalmente.
Como foi dito acima, o principal san-
tuário de Asclépio encontrava-se em Epi-
dauro, no Peloponeso, onde foram desen-
volvidas práticas mágicas para a obtenção
de curas. Para lá acorriam enfermos de
todas as partes do Império Romano. O
templo de Asclépio foi possivelmente o
maior centro de peregrinações de pes-
soas em busca de curas em toda a Anti-
guidade Tardia, algo como Lourdes nos
dias de hoje.
No santuário de Asclépio, a recu-
peração das doenças poderia ser obtida
de um modo muito peculiar: o fiel de-
veria ser admitido ao santuário; depois
dormia à espera de uma visita onírica do
deus. No sonho, tinha a oportunidade
Reitor:
Sandro Roberto Valentini
Diretora:
Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi
Vice-Diretora:
Catia Inês Negrão Berlini de Andrade
Coordenação:
Cláudia Valéria Penavel Binato
Edição:
Equipe do JNC
Textos e Reportagens:
Allan Diego de Souza, Gabriel Alves Bezerra, Fernanda Lopes de Souza, Isabela de
Oliveira Zafalon
Revisão:
Cláudia Binato
Diagramação:
Allan Diego de Souza
Cartunista:
Lucas Bento (Bentinho)
Autoral:
Juliana Garcia
Colaboração Técnica:
Lucas Lutti
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Expediente
Profº Alessandro Jocelito Beccari
Possui Licenciatura em Português e Inglês (2005) e Bacharelado em Latim, com ênfase em Estudos Linguísticos (2007)
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). É mestre (2007) e doutor em Letras (2013) também pela UFPR. No mestrado e doutorado, optou pela linha de pesquisa
de História e Filosofia da Linguística. Estudou a produção gramatical do final da Idade Média e traduziu a “Gramática especulativa, de Tomás de Erfurt” (ca. 1310). É
professor de Língua Latina na UNESP, Câmpus de Assis, e professor Convidado do Mestrado Profissional PROFLETRAS e da Pós-Graduação em História, ambos na FCL-
Unesp/Assis. Atualmente suas pesquisas a respeito da história dos estudos da linguagem direcionam-se para a historiografia da gramática greco-latina de Prisciano
(séc. VI) e para a gramática bilíngue de Aelfric de Eynsham (ca. 1000). Também desenvolve pesquisas emHistória da Língua Portuguesa e da Retórica. Tem experiência
como docente na área de Letras, particularmente em Estudos Linguísticos, Língua Portuguesa, Língua e Literatura Latinas, Estudos Clássicos e Língua Inglesa. (Texto
informado pelo autor)
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