Jornal Nosso Câmpus - Ano IX ed. 26 - junho de 2015 - page 2-3

ARTIGO
Na tradição ibérica as au-
toridades e os poderes insti-
tucionais locais estão na base
da organização política. Há
quem veja nesta peculiari-
dade o potencial para a vida
democrática em países ibe-
ro-americanos e mesmo nos
países africanos de língua
oficial portuguesa. Portugal
legou ao Brasil a experiência
das Câmaras Municipais e
de outras formas de organi-
zação social nas localidades,
como as Irmandades e as
Santas Casas de Misericór-
dia.
A história dos municípios
brasileiros tem sido elabo-
rada e difundida a partir de
duas fortes correntes discur-
sivas. O memorialismo local
registra tanto o anedotário
social, quanto datas, nomes
e acontecimentos marcantes
na vida cotidiana em dis-
tritos, cidades e municípios
pelo Brasil afora. A história
política fornece o outro re-
pertório de registros em li-
vros, revistas e textos impres-
sos edigitais, queevidenciam
Reitor:
Julio Cezar Durigan
Diretor:
Ivan Esperança Rocha
Vice-Diretor:
Ana Maria Rodrigues de Carvalho
Coordenação:
Cláudia Valéria Penavel Binato
Edição:
Equipe do JNC
Textos e Reportagens:
Jenifer Aleixo, Landara Zinhani, Marcelo Inácio
Revisão:
Cláudia Binato
Diagramação:
Mayara Pavanato
Colaboração Técnica:
Lucas Lutti
Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunicação. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo
e-mail:
Expediente
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o papel de personalidades,
sobretudo prefeitos e vere-
adores, médicos, juízes, co-
merciantes, sacerdotes, e as
ações institucionais da igreja,
clubes e associações. Existe
abundante bibliografia e há
muitos testemunhos escritos
nestas duas modalidades de
preservação e de divulgação
da história e da memória so-
cial municipais.
No século XXI cresceu a
tendência de incorporação
do patrimônio na compre-
ensão das identidades dos
diferentes grupos sociais e
da história local e regional,
até mesmo nacional. A ação
educativa que se desenvolve
a partir e com o patrimô-
nio das cidades remonta à
segunda metade do século
XX. Roteiros de visitação,
registros iconográficos e es-
tudos monográficos foram
os seus primeiros passos. A
instituição dos marcos de
PatrimôniodaHumanidade,
pelaUnesco, consolidou ten-
dências e ampliou as possibi-
lidades e oportunidades de
conhecimento e de promo-
ção do patrimônio cultural e
natural, material e imaterial,
emescalamundial.
No Brasil, a valorização
damemória histórica, a qua-
lificação da cidadania e o
aprimoramento de políticas
públicas convergem para a
história dosmunicípios. Esta
torna-se fecundo instru-
mento de trabalho para as
práticas de educação formal
enão-formal, para a inclusão
social e o combate às inúme-
ras formas de discriminação
social que conhecemos em
nossodiaadia.Osbenefícios
que a preservação e a pro-
moção do patrimônio po-
dem gerar para o desenvol-
vimento local e regional são
incontáveis e variados. Basta
a coordenação de esforços e
de iniciativas no âmbito da
institucionalidade hoje exis-
tente nos municípios para
converter essa rica potencia-
lidade emqualidade de vida,
geração de emprego e renda,
direitos humanos, turismo,
educação e cultura.
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LITERATURA
Aarticulaçãode uma eco-
nomia da cultura permite
agregar e incentivar ativi-
dades econômicas e cultu-
rais capazes de desencadear
oportunidades de trabalho,
renda, educação e valori-
zação de grupos sociais em
diferentes situações de vul-
nerabilidade, como crian-
ças e jovens nas periferias, a
população pobre nas áreas
urbanas e rurais, mulheres,
idosos, indígenas e afrodes-
cendentes. A formação con-
tinuada de profissionais e
de atores sociais estratégicos
emerge como necessidade
e fator dinamizador das ca-
deias produtivas agrupadas
emobilizadas pela economia
da cultura. Turismo, gastro-
nomia, hotelaria, artes e es-
petáculos, comércio, educa-
ção e cultura, combinam-se
em ricas e inovadoras ações
de desenvolvimento local e
regional sustentável.
Inclusão social e educação
são irmanadas, erguendo-
-se em pilar da economia da
cultura. A disseminação de
uma cultura de museus, de
mostras de cinema, de fes-
tivais de música e de teatro,
feiras e exposições, even-
tos e espetáculos, pode ser
impulsionada pela ação de
prefeituras, da sociedade ci-
vil organizada, de escolas e
universidades. A memória
histórica dos municípios
cumpre papel relevante na
difusão e na organização da
economiadacultura. Esteéo
sentido do Programa MHI-
MU–Museus eHistória dos
Municípios – que começou
a ser desenvolvido, em 2015,
pelo Laboratório de História
eMeioAmbiente, doDepar-
tamento de História desta
Faculdade, juntamente com
seus habituais e novos par-
ceiros e colaboradores.
Paulo Henrique Martinez,
professor no Departamento
de História da Faculdade de
Ciências e Letras de Assis da
UNESP.
Nosso
Câmpus
junho de 2015
Nosso
Câmpus
junho de 2015
MUSEUSEHISTÓRIADOSMUNICÍPIOS
OS CLÁSSICOS DA LITERATURANOCINEMA
Foto: Landara Zinhani
Os professores Cláudia Binato e Gilberto Martins
Landara Zinhani
Acontece todas as sex-
tas-feiras de maio e junho,
naFaculdadedeCiências e
Letras da UNESP/Assis, o
“CiclodeLiteraturaeCine-
ma 2015 – O Nascimento
doHerói” organizadopelo
professordoDepartamen-
to de Literatura, Gilberto
Figueiredo Martins e pro-
fessora do Departamento
de Linguística, Claudia
Valéria Penavel Binato.
Esta é uma retomada
da proposta do professor
Gilberto Martins, posta
empráticaporquatroanos
seguidos, sobre a exibição
de filmes que estabelecem
relação entre literatura e
cinema. Nessas exibições,
ora somente se apresenta-
vamfilmes cujo tema fosse
literaturaouadaptaçõesde
textos literários, orasecon-
vidavam professores que
dessem início a umdebate
sobre o filme apresentado.
Há dois que este evento
não acontecia.
“OCiclonãoéoferecido
apenasaosalunosdocurso
de Letras, mas também
funcionários, professores,
alunos de outros cursos e
a comunidade externa são
convidados a participar. A
ideia é que as pessoas que
já tenhamlidoasobras lite-
rárias as vejamou revejam
adaptadas para o cinema
e caso estejam tendo o
primeiro contato com a
obra adaptada, se interes-
sem pelo original. Como
a vida cultural em Assis é
um pouco restrita, que os
alunos, do período ma-
tutino e noturno, possam
se interessar pelos filmes,
não perdendo essa opor-
tunidade. O intuito é criar
hábito e aténecessidadede
frequentar o cinema, as-
sistir a filmes de qualidade
e perceber que determi-
nados filmes foram feitos
para telas grandes e para
serem vistos em salas com
alguma qualidade de som.
A ideia é sensibilizar os
participantes para essa lin-
guageme que eles tenham
condição de entender a
relação entre duas lingua-
gens artísticas diferentes:
cinema e literatura.”, diz o
professor Gilberto.
O coordenador diz ain-
daqueaadaptaçãonãotem
de ser fiel ao texto original
porque este é ponto de
partida e não de chegada.
A obras adaptadas para o
cinema sãoautônomas em
relaçãoaooriginal.Portan-
to, quem conhece a obra
original está mais apto a
fazer comparações equem
não a conhece poderá co-
mentar sobre o filme a que
acabou de assistir. Além
desse objetivomais amplo,
qual seja relacionar litera-
tura e cinema, existe o de
promover ciclos temáticos.
Nesta primeira jornada, a
temática é opapel doherói
eaconstituiçãodoheróino
mundo ocidental.
AprofessoradeLínguae
LiteraturaLatinas,Cláudia
Binato, por suavez, ressalta
a importância que tem o
evento, para aqueles que
dele participam, em razão
de seupotencial dedifusão
cultural. “Os autores clássi-
cos, além de relacionarem
os mitos à vivência daque-
la época, constituem-se
o fundamento da cultu-
ra ocidental. Os conflitos
expostos em suas obras
permanecematuais, apesar
da passagem do tempo”,
comenta a professora.
OCiclo teve início com
os clássicosgregos e latinos
até chegar aoheróimoder-
no, assunto estudado em
disciplinas como Cultura
Clássica, Teoria da Litera-
tura, Teoria do Romance e
Teoria do Teatro. Emuma
segunda jornada, serãoexi-
bidos filmes edocumentá-
rios brasileiros, “Retratos
do Brasil”, que mostram
como a literatura e cinema
representam o país.
Nesta primeira jornada,
iniciada no último dia 15
de maio, 10 filmes estão
sendo apresentados. Já
foram exibidos Medéia,
de Lars Von Trier (que
também será exibido, no
final doCiclo, na versãode
PierPaoloPasolini), Édipo
Rei, de Pasolini, e Elektra,
deCacoyannis.Opróximo
a ser exibido, no dia 12 de
junho, será As Troianas,
também do diretor grego
Cacoyannis, “Interessante
é conhecerdiretoresdevá-
riasnacionalidades eouvir
personagensque falamou-
tras línguas, fundamental
para habituar-se ao jogo
do ouvir e ler, habituar-se
à linguagem própria do
cinema”, diz o professor
GilbertoMartins.
Foto: Landara Zinhani
O professor Gilberto durante o debate a respeito do filme
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