ARTIGO
Uma pesquisa desenvol-
vida pelo Laboratório de
Biologia Aquática (LABIA)
da UNESP de Assis estuda
a taxonomia e filogenia de
um gênero de inseto aquá-
tico pouco conhecido pela
população em geral; trata-
-se de uma ordem chamada
Plecoptera. A pesquisa é um
subprojeto de pós-doutora-
do denominado “Plecopte-
ra da Amazônia brasileira e
revisão de Macrogynoplax
(Perlidae) - de autoria do Dr.
José Moacir Ferreira Ribeiro
- e que faz parte de um pro-
jeto maior chamado “Ephe-
meroptera, Plecoptera e
Trichoptera (Insecta), redu-
zindo os deficits Linneano,
Waleceanno e Henningue-
ano” de autoria do Prof. Dr.
Pitágoras da Conceição Bis-
po, ambas financiadas pela
FAPESP.
Que são Plecoptera ou
plecópteros?
São insetos aquáticos
com duas fases de desen-
Reitor:
Julio Cezar Durigan
Diretor:
Ivan Esperança Rocha
Vice-Diretor:
Ana Maria Rodrigues de Carvalho
Coordenação:
Cláudia Valéria Penavel Binato
Edição:
Equipe do JNC
Textos e Reportagens:
Camila Natália, Marcelo Henrique,
Mayara Pavanato, Natani Gonçalves
Revisão:
Cláudia Binato
Diagramação:
Mayara Pavanato
Colaboração Técnica:
Lucas Lutti
Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de
Assis, Núcleo Integrado de Comunicação. Comentários, dúvidas ou
sugestões, entre em contato pelo e-mail:
Expediente
2
volvimento, uma larval ou
ninfal, que vive nas margens
dos rios e riachos, sob pe-
dras, pedregulhos e folhiços,
e outra adulta (alada) com
vida mais efêmera (de dias a
semanas), que vive nas mar-
gens dos igarapés próximos à
vegetação mais arbustiva ou
em estratos mais superiores
da floresta. Quando em fase
de ninfas, nadamativamente
preferindo habitat bentônico
com água bem oxigenada e
limpa, podendo mudar de
habitat a qualquer alteração
ambiental ou nos parâme-
tros físico-químicos da água;
por isso são considerados
bons indicadores da quali-
dade da água. As ninfasmais
jovens se alimentam geral-
mente da flora submersa e as
mais velhas de outras ninfas,
às vezes da própria espécie.
Os adultos voam pouco e
são encontrados próximos
aos criadouros naturais (rios,
riachos, igarapés) empedras,
troncos e arbustos. Vivem
durante alguns dias, os ma-
chos, e durante semanas, as
fêmeas; a alimentação é re-
duzida e, emalguns casos, se
limita apenas a água, em ra-
zão do aparelho bucal masti-
gador ser rudimentar.
Apesquisa: Taxonomia e
Filogenia
Segundo o Dr. Moacir
Ribeiro, o principal objetivo
da pesquisa é a revisão ta-
xonômica de 14 espécies do
gênero Macrogynoplax, que
ainda não tinham sido revi-
sadas, além de uma análise
filogenética para compro-
vação do gênero como mo-
nofilético. Macrogynoplax é
classificado na Família Per-
lidae e tribo Anacroneuriini
e são predominantemente
neotropicais. São caracteri-
zados por possuírem dois
ocelos, espaçamento entre a
linha epicranial, olhos com-
postos com ausência de pig-
mentação nos omatídios,
presençaouausênciadegan-
chosnoedeago, entreoutros.
Os resultados já indicam a
monofilia do gênero, com a
revisão das espécies e análise
damatriz de caracteres.
Análise dos espécimes
comoutros Institutos de
Pesquisa
Para a realização deste
estudo os pesquisadores,
além de analisarem material
depositado nas coleções de
vários institutos de pesquisa
no Brasil, tiveram de visitar
o Smithsonian Institution
National Museum of His-
tory, onde estão depositados
alguns espécimes de Plecop-
tera do gênero Macrogyno-
plax. A análise deste mate-
rial testemunho (chamados
espécimes tipos) e único é
extremamente importante
para a compreensão damor-
fologia do inseto. Somente
após esta análise é que pode-
mos tomar decisões e inferir
novos dados morfológicos a
respeito de determinado ca-
ráter da espécie em estudo,
conforme diz o Dr. Moacir
Ribeiro. Outras parcerias já
foram realizadas com oMu-
seu Paraense Emílio Goeldi,
parceiro da UNESP na per-
muta e coleta de material da
Amazônia brasileira.
Professor Moacir Ribeiro
Docente do Departamen-
to de Ciências Biológicas -
UNESP/Assis
Nosso
Câmpus
novembro 2014
Pesquisadores da UNESP/Assis desenvolvem trabalho
taxonômico e filogenético com insetos aquáticos raros e
bioindicadores daqualidadeda água (Ordem: Plecoptera)
Dr Moacir Ribeiro (à esquerda) e Dr Pitágoras Bispo (à direita) analisando espécimes no
Smithsonian Institution National Museum of History
