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Nosso
Câmpus
dezembro/2012
de convênios e intercâmbios
NALIZAÇÃO
minha maior impressão cul-
tural, a princípio”.
JNC –Qual foi suamaior
dificuldade na aprendiza-
gem em Língua Portugue-
sa?
Vensam –
“Se tive alguma
dificuldade com a língua?
Foram dificuldades enor-
mes. Quando cheguei, tive
dificuldade em entender o
que era dito em sala de aula,
com as gírias dos colegas e
com os diferentes sotaques;
por vezes achei que estava
em um país de língua “ine-
xistente” (brincadeira). Tive
grandes dificuldades, sim.
Não que não tenha agora,
mas são poucas; já melho-
rei muito, aumentei meu
vocábulo e isso é fantástico;
adoro o sotaque brasileiro,
embora não queira perder
o meu, pois é o que me di-
ferencia e também me iden-
tifica. A minha identidade é
o que menos quero perder”,
comentou.
“Sempre digo que já nasci
falando 3 idiomas: Balanta,
língua da minha etnia (lem-
brando que Guiné tem cer-
ca de 23 etnias e cada etnia
tem sua língua ou melhor,
dialeto, embora não gosto
muito de usar esse termo); o
Crioulo, língua da identida-
de guineense e o Português,
língua do colono e pela qual
fui alfabetizado. Além disso,
falo Inglês, na verdade mui-
to mal, e estou aprendendo
Francês no Centro de Lín-
guas; pretendo estudar mui-
to e saber o Zulu, quando eu
crescer farei isso”, brincou.
JNC – Qual o resultado
do contato com a cultura
brasileira?
Vensam –
“Aprecio a arte
de um modo geral, pode pa-
recer estranho até mesmo
pela minha personalidade,
mas meu contato direto com
atividades artísticas foi aqui
no Brasil e foi, assim, um en-
contro apaixonante, adorei
de verdade. Não é por acaso
que hoje sou modelo foto-
gráfico, pois foi justamen-
te pensando em fotografia
como arte e não como for-
ma de ganhar dinheiro, que
comecei a ser fotografado
como modelo”.
JNC – E sobre literatu-
ra, cinema e música, o que
mais te agradou aqui no
Brasil?
Vensam –
“Acredito que
a literatura, o cinema e a
música são formas artísticas
interligadas e no Brasil isso
é bastante visível e isso faz
com que tenham a força que
têm atualmente nesse país; a
literatura brasileira do séc.
XIX é fantástica, porém um
pouco difícil de entender; já
o cinema não é meu forte,
algumas vezes simpatizo um
pouco. Agora, a música bra-
sileira, meu Deus! É sem co-
mentários. Quando cheguei
aqui, eu era tão nacionalista
a ponto de não conhecer ne-
nhuma música de Chico Bu-
arque. Ao participar de um
sarau de literatura brasileira,
um cara cantou MPB – Mú-
sica Popular Brasileira e me
encantei. Foi demais! Desde
então, comecei a ouvir MPB
e aprendi, dessa forma, mui-
to, sobre história, sobre o
país e suas maravilhas. Acre-
dito que, por isso, despertou
a minha vontade de viajar e
conhecer o ‘Brasil brasileiro’,
esse país lindo; vou te contar
um segredo, mas não conte
para mais ninguém, tá? EU
AMO ESTE PAÍS, de verda-
de mesmo e pretendo ainda
morar e construir uma vida
aqui, mas lembrando que
isso só acontecerá quando
eu cumprir meus compro-
missos no meu país”, relatou
emocionado.
JNC – Quais são seus
planos após a conclusão da
graduação em Letras?
Vensam –
“Quando
concluir minha graduação,
pretendo voltar para casa,
visitar minha família, ami-
gos, país, matar um pouco
a saudade e trabalhar para
ter mais experiência; de-
pois, pretendo ingressar em
uma pós-graduação aqui
no Brasil, e, quem sabe, não
retorno. Adoro a UNESP, a
cidade e, principalmente,
os amigos que fiz por aqui.
Por isso, não quero me dis-
tanciar tão cedo de Assis”,
adiantou.
O ensaio fotográfico com-
pleto desta matéria está no
blog
zephotos.blogspot.com.br/.
e Guiné-Bissau está concluindo o 3º ano de Letras na Unesp/Assis
Foto: Nayana Camoleze
Vensam: amo o “Brasil brasileiro”