Evolução
Humana e Aspectos Socio-Culturais
Esta página é uma síntese do módulo Physical
Characteristics of Humans do curso World Civilizations I da Washington State
University. Este módulo possui 24 páginas que foram traduzidas e
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Características Peculiares da Espécie
Humana
Cultura é
a principal característica distintiva de nossa espécie, e é de várias
maneiras um reflexo das nossas características físicas. Cultura desenvolveu-se
passo a passo ao longo de nossa evolução física.
Um dos temas importantes no estudo evolutivo é a presença de artefatos culturais e evidências de práticas culturais no
registro fóssil da primitiva vida humana. Evidências culturais e pistas sobre suas origens também podem
ser relacionadas ao design único de nossos corpos e em nossos padrões de maturação.
Se é verdade que cultura, pelo menos em termos mais complexos e elaborados , é uma característica distintamente humana,
devemos ressaltar os seguintes questionamentos: Por que o comportamento cultural é tão exclusivamente importante aos seres humanos?
Como e por que se desenvolveu? Qual o papel em nossas vidas? A cultura é um
simples reflexo de nossa inteligência? Surgiu automaticamente relacionado ao
aumento da caixa craniana?
Talvez..., mas devemos responder criteriosamente, inicialmente precisamos examinar
" como nós somos, fisicamente ?", e posteriormente podemos analisar as pistas sobre a natureza da cultura e seu papel em nossa existência.
O corpo humano apresenta um design notável que pode nos apontar, em grande
parte, aspectos do nosso modo de vida. Algumas das habilidades mais importantes
da nossa espécie podem ser observadas em características peculiares que
determinam nossas vantagens especiais, limitações físicas, e o modo
distinto que amadurecemos como indivíduos.
Estes aspectos se sobressaem quando
comparados aos nossos parentes mais próximos, os macacos. Não iremos nos
ater a diferenças secundárias entre macacos e humanos, pois ressaltaremos dez
diferenças significativas que influenciam como nós vivemos nossas vidas como seres
humanos:
Tamanho do Cérebro
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Inteligência é
relacionada ao tamanho do cérebro. Um aspecto claro na Evolução humana
é o drástico aumento no tamanho do crânio. Podemos ver na imagem à esquerda o aumento
da capacidade craniana ao longo de mais de 3,5 milhões de anos. O crânio de
A. afarensis à esquerda possui o volume aproximado de 400
cc, (mesmo tamanho do cérebro de um chimpanzé). O crânio de Homo erectus no centro
tem 1200 cc, e o crânio humano moderno, à direita tem 1400 cc. A forma do crânio
também foi alterada, ampliando a área frontal e mudando as
relações com o tamanho da face. Note que A. afarensis na esquerda, um
hominídeo bem primitivo não tem quase nenhuma área frontal.
A figura acima, mostra da esquerda para a direita, um macaco, chimpanzé, e cérebro humano.
O cérebro humano aumentou também o número e profundidade das
circunvoluções. |
A evidência fóssil nos permite
traçar o aumento gradual do tamanho de cérebro de 2,5 M.anos com algum grau de precisão.
O tamanho de cérebro comum de
H. habilis (2,0 M. a.) era de 750 cc (crânio à esquerda na figura
acima). No H. Erectus (próximo crânio à direita) podemos notar que
houve a transição mais dramática, indicando o maior aumento evolutivo em tamanho de cérebro
acontecido ao longo da linhagem evolutiva humana. Os primeiros H. erectus
da África (1,7-1,0 M.a.) tinha o volume médio de 900 cc, os H. erectus
de 500.000 anos já possuíam cerca de 1100-1200cc, portanto dentro
dos limites de variação do volume dos atuais H. sapiens.As formas mais
arcaicas de H. sapiens (crânio do centro), datados entre 400.000-300.000
anos tem médias de mais de 1200 cc. O crânio neandertalense (segundo
à direita), tem um tamanho de cérebro de 1500 cc portanto são realmente maiores que os cérebros da maioria dos humanos modernos. A média para
Homo sapiens sapiens, é de 1400 cc
Apesar
da aproximada correlação entre tamanho de cérebro/tamanho do corpo e inteligência,
devemos analisar com precaução, pois tais correlações são muito
sutis. Tanto o tamanho do cérebro quanto do corpo humano varia
consideravelmente entre os indivíduo. O tamanho de cérebro de "gênios
reconhecidos " pode variar de 1000 cc a 2000 cc em humanos modernos. Claramente,
temos que examinar as características do cérebro para entender as relações entre características físicas e capacidades
intelectuais ou mesmo entre a fisiologia de cérebro e comportamento sócio-cultural.
Surpreendentemente, um cérebro grande não é uma vantagem evolutiva
óbvia, pelo menos não imediatamente, ou seja, um cérebro grande requer
um cuidado extraordinário, alimentação com uma dieta rica em
proteínas, e um controle de temperatura primoroso para que possa
funcionar corretamente. Portanto o aumento em tamanho do cérebro
requereu mudanças no hábito alimentar primitivo, por causa da necessidade
de maior aporte protéico. Enquanto a linhagem humana permaneceu onívora, uma preferência por
carne aconteceu de fato com o passar do tempo. A necessidade energética
associada ao funcionamento do cérebro requer um comprometimento de
cerca de 25% de nosso metabolismo, o que representa um enorme investimento
de energia, o que poderia ser um risco enorme em termos das chances globais para sobrevivência da espécie.
Outro aspecto, foi a necessidade de obter um sistema para difusão de
calor pois aquecendo demais o cérebro humano era potencialmente fatal
dado o clima quente de África oriental. |
Postura Ereta e Bipedalismo
Uma
das características mais distintivas é nossa habilidade para caminhar
ereto (bipedalismo). Este tipo de locomoção é experimentada
ocasionalmente por alguns grandes macacos, porém apoiados nas mãos.
Analisando o esqueleto humano podemos verificar que nossa anatomia é
projetada para isto e afetou diretamente a estrutura deste esqueleto
onde temos: o crânio acima da coluna vertebral com o forâmen
magno (passagem pela qual a medula espinhal se liga ao cérebro) centrado
na sua base. Humanos têm uma curva em S na coluna para apoiar o peso
superior do corpo. A estrutura pélvica foi adaptada para suportar a tensão e peso
associado ao bipedalismo, bem como a ligação do fêmur com o quadril também foi modificado para estes propósitos. Evidências
fósseis mostram que o Bipedalismo antecede o gênero Homo
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Na
figura ao lado podemos ver a modificação da pélvis e articulação do quadril necessário para
bipedalismo contrasta " Lucy " A. afarensis de 3.5
M.a. com um chimpanzé. Lucy era completamente bípede possuia uma
postura ereta tipicamente humana, embora classificada como uma macaca.
É interessante notar nesta consideração que as mudanças complexas
associadas ao bipedalismo já estavam presentes na espécie de Hominídeo, A. anamensis datados em 4,2 M. a. e indícios
não comprovados referentes a outro Hominídeo (A. ramidus
que é até mais velho que A. anamensis datados em 4.4 milhões de anos)
mostram que a Postura ereta e o bipedalismo estava provavelmente
presente no A. ramidus que vivia em um ambiente de floresta na Etiópia.
O desenvolvimento
do bipedalismo era uma " pré-adaptação " que permitiu aos descendentes
dos Hominídeos sobreviverem e florescerem após os eventos que tornaram
o clima mais seco após 5 M.a., que converteu ambientes florestais
em Savana. Concluindo a postura ereta e bipedalismo precedem o aparecimento de espécie humana, e
inclusive a produção de ferramentas, como anteriormente atribuído
como causa deste desenvolvimento. |
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O jovem Homo erectus à esquerda, datado em 1,65 M.a. já mostra
completa modificação na anatomia humana sugerindo uma adaptação para
o adverso hábitat africano. Conseqüentemente as mãos estavam livres
para realização de outras tarefas que levaram ao aparecimento de um modo distintamente humano de vida que
incluía a produção de ferramentas de acordo com padrões pré-estabelecidos
e novos conceitos.
Enquanto os pés das espécies de macacos atuais
são adaptados essencialmente a vida nas árvores (caracterizados por possuírem
dedão grande e capaz, como o dedo polegar de primata, de
agarrar galhos das árvores) os pés dos hominídeos/humanos são
adaptados a locomoção bípede e o dedão do pé provê uma plataforma flexível para caminhar e correr. Outras adaptações do pé
humano incluem uma porção proximal estendida e arcos para equilíbrio
A estrutura do pé permite o uso completo de nossos poderes físicos
para andar e correr ereto, livrando nossas mãos.
O pé humano é uma maravilha de engenharia, capaz de absorver choques e tensões de aproximadamente 6,000 libras durante uma atividades
como o salto. É óbvio que sem tal pé efetivamente adaptado a
locomoção bípede fariam de um hominídeo uma presa fácil para os
predadores africanos, assim é razoável assumir que o andar ereto e um pé eficiente
evoluiu conjuntamente.
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A pele humana (sistema de difusão de calor)
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Com a aquisição da postura ereta e do bipedalismo há aproximadamente quatro ou cinco milhões de anos atrás permitiu
aos hominídeos sobreviverem e ampliar sua área de distribuição, ao mesmo
tempo que ocorria o processo de desertificação onde as vastas florestas foram
sendo substituídas por campos abertos (Savanas). Estas drásticas mudanças
climáticas atuaram como uma forte pressão seletiva.Portanto os indivíduos com
características favoráveis a ocupação de tais campos abertos
deixaram mais descendentes e assim a postura ereta e o bipedalismo foram
selecionados favoravelmente. Mas será que esta mudança era eficiente
inicialmente?
Dependendo do tipo de análise pois o andar ereto não é biologicamente muito eficiente,
já que necessita maior gasto de energia em relação as outras formas
de locomoção exibidas pelos mamíferos. Mas andar ereto gera muito calor químico
resultante do esforço muscular.
Então, o bipedalismo deve ser considerado uma mudança revolucionária
pois livrou as mãos para outras tarefas, e provou ser uma tremenda vantagem evolutiva.
Além de correr rapidamente pequenas distâncias, podemos manter uma
velocidade moderada de marcha ou corrida durante um tempo surpreendente
(longas distâncias). Macacos, em contraste, simplesmente não são capazes de tal esforço estendido. Eles cansam depressa e aquecem demais facilmente. |
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Como que os humanos possuem tal resistência? se até mesmo jovens chimpanzés,
que são mais fortes que os humanos, não podem sustentar esforço físico
por períodos longos, como nós podemos. Uma parcela das causas dessa
diferença na resistência é devido a constituição da nossa pele.
Analisando a pele microscopicamente vemos que temos o mesmo número de
folículos pilosos por polegada como pele de chimpanzé, porém nossos
pelos são pouco desenvolvidos. Temos cerca de dez vezes mais glândulas
sudoríparas que os macacos. A combinação de níveis altos de transpiração e
pele desnuda faz desse tecido humano um dispositivo refrescante eficiente que dissipa o calor químico
produzido através de esforço .
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Esta aquisição evolutiva foi muito importante pois permitiu esforço físico
contínuo e ainda facilitou o controle da temperatura já que nossos cérebros grandes exigem temperaturas controladas
para funcionar. Sem uma pele eficiente funcionando como um radiador, nossos cérebros aqueceriam
depressa demais durante esforço físico com potencialmente conseqüências fatais.
O clima quente de África onde nossos antepassados evoluíram, deveria ter sido um fator
seletivo importante para o reforço dessas características. Uma pele relativamente calva com muitas glândulas de suor faria difusão de calor da energia química gerada por esforço físico
eficientemente permitindo que nossos antepassados correr mais
rapidamente e durante maior tempo sem danificar os cérebros. Alguns
pesquisadores sugeriram que o perigo devido ao aquecimento do cérebro, neste ambiente,
tenha sido o fator que levou a linhagem humana a aumentar o tamanho do
cérebro. Ou seja, a vantagem inicial de ter cérebros maiores não era
ligada a maior inteligência, como nós acreditamos por muito tempo, mas
sim, em relação a possuir " circuitos " redundantes para nos proteger de golpe de calor.
Cérebros maiores, nesta visão, criaram a oportunidade para inteligência, mas isso era só um subproduto da vantagem inicial
de defesa ao perigo de superaquecimento.
Se houve redução de pelos na pele visando a difusão de calor do corpo
debaixo de um sol equatorial, seria também favorecido a proteção d a própria pele
com o aumento da melanina ( pigmento escuro da pele humana que forma uma barreira para raios
ultravioleta). |
Porém
esta aquisição (pele desnuda, com grande quantidade de glândulas sudoríparas
e pigmentada) por outro lado impediu a expansão dessas populações para
ambientes mais frios, até o desenvolvimento de fogo. A habilidade para sobreviver
em locais moderadamente elevados ou afastados do equador devido as mudanças
abruptas de temperatura durante as noite teria sido um problema para humanos. De fato, parece razoável supor que a necessidade
de calor à noite pode ter dirigido a descoberta do uso do fogo como fonte de
calor e sua utilização para cozinhar pode ter sido uma invenção posterior.
Mão Humana
Como no caso do pé, a mão humana é uma modificação de anatomia
básica dos primatas. O dedo polegar humano é mais longo que no chimpanzé ou gorila e é posicionado ligeiramente mais
afastado dos outros quatro dedos, portanto em posição mais oponível,
possibilitando maior rotação. Isto significa que o dedo polegar pode ser girado contra os dedos
o que permite pegar objetos de diferentes tamanhos com a mesma
eficácia.
Esta
sensível alteração anatômica cria um espectro amplo de funções que os humanos têm e macacos não;
pois nos dá tanto a precisão quanto força para agarrar.
O alcance de atividades
passíveis de serem executadas pelas mãos humanas são bastante
diversificada e possibilitaram a utilização de ferramentas como a
lança, machado, utilizar agulhas e linha; acalmar uma criança; pintar uma obra-prima ou
tocar uma música em um piano ou violino.
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Face humana e a visão
A face humana, apesar de possuir o mesmo número de músculos que a face de um
chimpanzé, mostra a adaptação a intensa e complicada vida social
humana. Os chimpanzés apresentam muitas das expressões faciais
básicas do ser humano, porém nós somos capazes de utilizar essas
expressões com nuances de mensagens altamente complexas. Entre os
mamíferos, nós somos os únicos a possuir a abertura dos olhos muito
maiores que a íris, deixando uma grande porção da parte branca a
vista. Apresentamos também outros sinalizadores bem evidentes, a
sobrancelha e os cílios. Nossos olhos são capazes de comunicar estados
sutis da mente, permitindo também ler e interpretar estados emocionais,
atitudes e ações eminentes.
Também note os lábios parecem aumentados em comparação ao chimpanzé.
Expressões, sorrisos e contato olho a olho são mensagens não verbais
e constituem um idioma internacional. Nós somos, como nossas faces constantemente
revelam, criaturas muito sociais. |
A imagem
ao lado ilustra vários aspectos da evolução da face humana durante os 3.5 milhões de anos.
A tendência mais óbvia, visível destes três crânios é o aparecimento de uma
frente diretamente relacionado ao aumento do cérebro e também houve
mudança gradual no ângulo da face como mostram as setas na figura ao
lado chegando a uma posição quase que perpendicular. A face humana
pode ser considerada como um sinalizador onde o envio de mensagens é
uma de suas funções mais importantes. Um traço difícil de ser
considerado é o queixo ( que só aparece no H.s.sapiens moderno),
seu desenvolvimento pode ser associado ao aparecimento da linguagem e a
fala que por sua vez está relacionada as modificações exigidas da garganta e boca.
Portanto a face também está diretamente ligada ao nosso modo de vida
(eminentemente Social) Atos complexos de comunicação são
característicos de nossa espécie, que apesar de possuir idiomas
completamente desenvolvidos, somos também extraordinariamente bem equipados para enviar mensagens
não verbais.
Concluindo
os crânios evidenciam além do aumento do cérebro o desenvolvimento
gradual de uma vida social complexa pois a face provê evidência adicional de nossa existência intensamente social. |
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O
Homem compartilha com outros primatas a visão estereoscópica, ou seja, habilidade para ver em três dimensões. Este tipo de percepção de profundidade é
possível devido ao posicionamento de nossos olhos na frente de nossas cabeças. Nossos cérebros são capazes de
processar as diferenças entre as imagens produzidas pelos olhos como profundidade de espaço.
Esta habilidade
é fundamental para viver em ambiente arborícola e conseqüentemente
foi conservado na linhagem humana. Herbívoros, como cavalos, têm freqüentemente os olhos posicionados
lateralmente na cabeça, esses olhos não são adaptados para visão
estereoscópica, mas sim para notar um predador que aproxima por detrás. |
Compartilhamos
também a capacidade para perceber cor; ou seja, possuímos cones e
bastonetes. Os mamíferos, excetuando os primatas, percebem o mundo em
tonalidades de cinza.
Essa habilidade dos primatas é provavelmente relacionada às necessidades de nossos antepassados
em distinguir frutas maduras e verdes no hábitat arborícola, sugerindo
ainda que fossem mais ativos durante o dia. Por outro lado a inabilidade da maioria dos outros mamíferos para perceber cor pode indicar a evolução
a partir de animais pequenos, furtivos que sobreviveram adotando modo de
vida noturno onde a percepção do colorido seria sem sentido.
Dada
esta habilidade, os primatas são coloridos e respondem às cores como
parte de seu comportamento social. Na figura ao lado temos um macaco
sul-americano acima e um macho mandril africano. Entre os macacos a cor
é também utilizada como um sinal sexual, indicando domínio entre
machos e o período de receptividade ou estro em fêmeas |
Mandíbula e dentição humana
Temos
a dentição básica dos mamíferos, dois conjuntos de dentes, o
primeiro durante a fase juvenil e depois 32 dentes divididos em
incisivos, caninos, pré-molares e molares. Os dentes dianteiros, ou
incisivos são adaptados para cortar ou rasgar pedaços de comida, os
molares (dentes de parte de trás) são adaptados para triturar os
alimentos, os dentes de intermediários são também intermediários
na forma e na função. Ao contrário das outras espécies desde de cedo
não possuímos os grandes caninos, usados para competir pela
dominância do grupo. Dentes humanos são geralmente menores e menos especializados que
os dos macacos.e a perda de caninos distintivos nos Hominídeos às vezes é
considerado como um sinal que formas menos competitivas e mais cooperativas de comportamento social
emergiram há muito tempo. Há pequena evidência para apoiar ou refutar tais
afirmações.
Uma " assinatura " na anatomia de nossa espécie, muito útil na
pesquisa paleontológica são nossos molares com cinco saliências ou coroas
enquanto os molares dos macacos têm só quatro. Nossas mandíbulas são relativamente pequenas.
Esta tendência na diminuição da robustez coincide no registro fóssil
ao uso de fogo, e portanto a substituição de uma característica
física decorrente da aquisição de técnicas culturais que acabaram
por assumir algumas das funções biológicas básicas, como mastigar materiais duros para
torna-los digestível.
Se
fizermos uma análise restrita das características da mandíbula e
dentes poderíamos concluir que nós os humanos tínhamos que sobreviver
com uma dieta bastante restringida, pois a nossa anatomia nos limitaria para comidas suaves como frutas e baga e uma raiz
ocasionalmente e completadas com os ovos de pássaros e insetos (de fato, este
era a provável dieta das A. afarensis) nunca imaginaríamos
que os seres humanos são os predadores mais ferozes e prósperos no planeta, e que nós comemos regularmente não só a carne
de presas muito maiores bem como grãos duros, raízes e vegetais.
Devemos
considerar estes pontos com cautela pois nossa anatomia em alguns
aspectos não prediz nosso estilo de vida atual. ou ainda que não estamos limitados por nossa anatomia
como a maioria das criaturas. Processamos a carne dura através do
cozimento, e moemos grãos e outras sementes entre pedras e processamos isto com calor
facilitando a mastigação e digestão, ou seja superamos as limitações físicas
com a utilização de técnicas culturais. Nossa cultura, sob esta
ótica é uma extensão, um suplemento, até para nossa anatomia.
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A garganta e a posição da laringe associada a fala
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A garganta humana foi modificada para facilitar a fala. Nós temos uma câmara
ressonância de 1 polegada e meia acima da laringe que serve para
vocalização dos sons. O fabuloso alcance de sons que o aparato vocal humano pode
produzir vai dos grunhidos e guinchos animais até a execução perfeita
de uma ópera.
Por
outro lado tal adaptação da garganta humana para fala possibilita a
ocorrência de sufocamento com alimentos, um perigo inexistente para a maioria das criaturas.
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Dimorfismo sexual
Em muitas
espécies, os sexos são morfologicamente diferentes.Em alguns primatas, por
exemplo nos gorilas, os machos são muito maiores e vultosos que as
fêmeas (em alguns casos, atinge duas vezes o tamanho de fêmeas).
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Este também é o caso das primeiras espécies de Hominídeos onde a
diferença sexual ou dimorfismo é expresso em termos de um grande diferencial de tamanho
entre machos e fêmeas, À direita podemos visualizar os fêmures de adultos
de A. afarensis (3.5 milhões de anos) onde os maiores são masculinos e
os menores femininos. À esquerda, vemos a comparação entre os crânios de macho e fêmea
de A. robustus (topo) e H. habilis (abaixo), a primeira espécie humana que viveu aproximadamente 2 milhões de anos atrás.
Entre
as espécies atuais de mamíferos dimorfismo desta ordem estão
associados com competição masculina para " haréns " de fêmeas, como
entre gorilas ou leões de mar.
Podemos
também associar tais comportamentos sociais às espécies antigas de
Hominídeos De maneira interessante, este diferencial de tamanho enorme entre machos e fêmeas
desaparece na linhagem humana há aproximadamente um milhão de anos ou
seja, em H. erectus . Será que tal mudança anatômica
reflete uma mudança significativa no comportamento ? Novamente, anatomia
freqüentemente apresenta pistas sobre o comportamento social. |
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Neotenia
Neotenia é a retenção de características juvenis na
forma adulta (maturidade).
Em mamíferos, os jovens de espécies relacionadas freqüentemente se assemelham, como
pode ser verificado ao lado, onde podemos comparar jovens babuíno e macaco de
Gibraltar. Os jovens de várias espécies de mamíferos tendem a ter a
face arredondada e não especializada, com o processo de amadurecimento,
trilhas de desenvolvimento são seguidas e as características
específicas se desenvolvem. Por exemplo, filhotes de Collie com cara
arredondada crescem rapidamente e passam a ostentar o focinho prolongado
típico.
Afirmar que a neotenia é uma característica principal da espécie
humana, significa estabelecer que em comparação aos demais primatas,
fisicamente nós não nos especializamos muito, ou seja não
sofremos as transformações típicas que ocorrem na maior parte dos
mamíferos durante o amadurecimento. Portanto retemos, a maior parte das características da fase juvenil dos
primatas, como por exemplo, as faces
arredondadas. Em outras palavras, nossa espécie mantêm-se generalista
anatomicamente e notavelmente não ocorre o processo de especialização para
um determinado estilo de vida.. Neotenia na espécie humana está
relacionada à notável adaptabilidade nos tornando capazes, até mesmo
na fase adulta, de se adaptar a um amplo espectro de situações de vida,
ao invés de nos especializar a um único nicho. Por causa desta característica,
temos esta plasticidade comportamental, e conseqüentemente nos adaptamos
bem a qualquer ambiente da Terra, do Equador até próximo aos pólos, do nível do mar até aproximadamente 4.000 metros de altitude.
Esta
retenção das características juvenis dos primatas significou ainda o
retardo da maturação e conseqüentemente a capacidade de aprendizagem
de nossa espécie foi bastante ampliada concomitantemente ao aumento no
tamanho do cérebro, desenvolvimento da indústria lítica e
complexidade sócio-cultural.
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Retardo no processo de maturação
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Em alguns dos grandes macacos,
as diferenças entre jovens e adultos são bastante expressivas, como podemos
verificar na figura ao lado (topo) onde temos um orangotango e sua cria. Usando
este critério na foto inferior qual é o chimpanzé jovem ? O da esquerda
?
De
fato os dois teriam a idade relativa a adolescência no Homem, porém o
da esquerda é um chimpanzé-pigmeu ou bonobo, esta questão esta
colocada propositalmente para ilustrar o conceito de neotenia explicado
anteriormente O Bonobo representa a espécie de macacos que apresentou
maior similaridade ao Homem através de comparações do material
genético ( DNA) e também é caracterizado pela ocorrência de neotenia. Bonobos retêm as características juvenis
na fase adulta, da mesma maneira que nós fazemos. De fato, eles se assemelham a nós em muitas formas.
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Relacionado a nossa retenção de características juvenis na fase
adulta, está o nosso padrão desacelerado de desenvolvimento. Os seres humanos
são os que levam muito mais tempo para amadurecer e portanto dependem
por mais tempo dos pais em relação a descendência de qualquer outra espécie.
Chimpanzés amadurecem sexualmente aos 5 anos;
seus ossos do crânio se fundem
na mesma época e é nesse ponto que ocorre a diminuição drástica da
capacidade de aprender coisas novas. Por
outro lado os seres humanos amadurecem sexualmente por volta dos12- 14 anos de idade;
nossos ossos do crânio se fundem aos 16; e nós continuamos aprendendo ao longo de toda a vida.
Permanecendo saudáveis, nós não perdemos a capacidade para aprender coisas
novas. Além disso, é difícil dizer quando nós ficamos
realmente independentes de nossos pais.
Nosso desenvolvimento retardado é provavelmente relacionado com o
aumento geral no tamanho de cérebro de nossos antepassados. O tamanho do cérebro não pôde aumentar indefinidamente, obviamente, sem conseqüências fatais para o feto.
Fetos com tamanho do crânio muito grande tem problemas durante parto. O
tamanho da pélvis feminina é um fator
limitante do crescimento do crânio, pois também não pôde aumentar
sem prejudicar a mobilidade da fêmea.
Sendo assim, houve uma diminuição na velocidade de crescimento do
cérebro e postergou-se tal desenvolvimento após o nascimento da
criança. Desta forma houve um comprometimento global do padrão de crescimento humano, e não só
do desenvolvimento do cérebro fetal que reduziu a velocidade. Este
padrão desacelerado de desenvolvimento é genético e tem conseqüências
enormes na cultura humana.
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O
significado, em termos práticos, desta redução na velocidade de desenvolvimento
é que as crianças nascem completamente impotentes e permanecem assim durante um tempo
considerável. É como se
experimentassem outro ano de gestação fora do útero, enquanto ocorre
o crescimento rápido do cérebro.
Dada a extrema dependência de nossa prole, que se estende até os 12 ou mais,
a estratégia humana para uma reprodução efetiva, envolve ter uma descendência
relativamente pequena e dedicar quantias enormes de energia para orientar
e acompanhar o crescimento de cada um.
A
longa relação íntima da mãe com a criança, provavelmente é a característica central de nossas vidas;
é ai que se forma a base de nossa vida social posterior. Humanos normalmente são capazes de unir profundamente com outros e de estabelecer relações
duradouras de muitos tipos. Esta capacidade parece relacionada ao nosso
longo período de dependência juvenil.
Olhando a relação do lado do pai,
indivíduos ou grupos de humanos
tem sido capazes de prover uma quantia sem precedente de cuidados e atenção para
os jovens com o objetivo de sobrevivência da espécie grupo cultural. É interessante notar nesta consideração que todas as sociedades humanas reconhecem relações de afinidade complexas e praticam alguma forma de matrimônio. Estes
relacionamentos podem, a fundo, representar modos práticos para
organizar apoio ao cuidado de crianças.
Uma característica física incomum de fêmeas humanas
provavelmente teve um papel fundamental neste conjunto de adaptações:
no Homem, o estro ou período fértil é disfarçado no
ciclo da fêmea, nem ela nem o companheiro pode precisar tal período. Em muitos mamíferos, como chimpanzés,
o comportamento sexual é estritamente controlado geneticamente pelos hormônios lançados pela fêmea durante o período fértil.Quando um chimpanzé fêmea está em
estro, ela acasala com machos da redondeza. O conceito de " escolha " nestes
acasalamentos não pode ser aplicado ao macho ou fêmea, que
simplesmente respondem aos estímulos hormonais..
Nos
humanos, o período de fertilidade não é percebido e parece não afetar
o comportamento sexual. Comportamento sexual pode acontecer em qualquer
fase do ciclo. Portanto sob este aspecto os humanos estão livres da
determinação do ciclo estral e podem escolher quando se acasalar. Freqüentemente,
as relações macho-fêmea são duradouras ou simplesmente longas,
entretanto o comportamento de acasalamento pode ser tão casual como o
que ocorre entre os chimpanzés.
Finalmente
é interessante especular quanto do desenvolvimento da cultura foi
direcionado pela necessidade de cooperação no provimento de cuidados
para os jovens humanos (que apresentam desenvolvimento desacelerado) e quanto
que essa relação longa e intensa entre a criança e pais influenciou o desenvolvimento
da linguagem e outros aspectos típicos do nosso comportamento social. |
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