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Automóvel de museu
O automóvel talvez seja o objeto emble-
mático do século XX. De Henry Ford às cor-
ridas de Formula 1, os veículos automotores
encantaram seguidas gerações, com sua po-
tência, design, acessórios, estilos e modelos.
Objeto de consumo para muitos, de coleção,
para poucos, de desejo, inegavelmente, para
expressiva parcela da população ao redor do
globo. Saudados como novidade e ícones da
modernidade urbana e industrial, símbolos
de posição social e traço de personalidade
individual e coletiva, os automóveis povoam
a imaginação e a vida cotidiana de crianças e
adultos, de homens e mulheres, de pobres e
ricos, de moradores do campo e das cidades.
O automóvel organizou a vida social no
século XX. O encantamento produzido por
essas máquinas fabulosas decorre, em larga
medida, e desde o seu surgimento, da sen-
sação de autonomia e de superação de limi-
tes que proporciona aos condutores e pas-
sageiros. Ao êxtase, surpresa ou pânico que
desperta em pedestres e outros transeuntes,
motorizados ou não. Ciclistas, cavaleiros, car-
roças ou andarilhos, todos são excitados ou
apavoram-se em encontros inusitados e in-
voluntários com os automóveis, em ruas, es-
tradas ou mesmo nas calçadas.
Atropelamentos e colisões eram alvos de
controvérsias jurídicas. Quem deveria ser im-
putado, o condutor ou a vítima, o fabricante
ou o poder público, o indivíduo ou a socieda-
de? O cuidado dos proprietários com os seus
veículos tornou-se índice de responsabilida-
de e de confiança pública, expressas na ma-
nutenção, na limpeza e na condução de au-
tomóveis. Salões, clubes, feiras, exposições,
publicidade, artes, cidades, sociabilidade, de
brinquedos a competições, fervilham com a
indústria automobilística.
Em debate na televisão norte-americana,
John Kennedy, referindo-se ao seu oponen-
te, indagou ao telespectador: “você compraria
um carro usado deste homem?”. Ao tocar, ful-
minante, a vida íntima, material e espiritual,
da classe média, venceu a eleição presiden-
cial. No Brasil, Juscelino, Collor e Itamar asso-
ciaram suas imagens a automóveis. Vargas,
Lula e Dilma apregoaram que, sem petróleo,
o país não anda. Historiador, Caio Prado Jr di-
zia que a história do Brasil, no século XX, se-
ria entendida pela jardineira e o caminhão, o
transporte automotivo de passageiros e de
mercadorias.
Museus de automóveis são cada vez mais
numerosos. São interativos, sedutores, diver-
sificados, artísticos e históricos, tecnológicos
e de indústrias, empresariais e comunitários.
O automóvel no museu propicia amplos pa-
noramas, e dos mais completos, em distintas
dimensões do patrimônio museológico no
Brasil e no exterior.
Paulo Henrique Martinez
é professor no
Departamento de História da Faculdade
de Ciências e Letras de Assis.
Jornal Nosso Câmpus - Ficha Técnica
Reitor: Sandro Roberto Valentini
Vice-reitor: Sergio Roberto Nobre
Diretora: Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi
Vice-Diretora: Catia Inês Negrão Berlini de Andrade
Coordenação JNC: Cláudia Valéria Penavel Binato
Textos e Reportagens: Gabriel Bezerra Alves, Allan Diego de Souza, Júlio César Oliveira, Evelin Sou-
za, Bentinho, Mayara Crispim Marino
Colaboração Técnica: Lucas Lutti; Seção Técnica de Informática
Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunica-
ção. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail:
.
ESPAÇO DOCENTE
O papel feminino na Historiografia foi um dos destaques do evento
Foto: Reprodução
Empresa Junior “Contemporânea” exibe
filme e promove debate sobre sustentablidade
A Contemporânea - Empresa Júnior de
História desenvolve, desde 2015, o proje-
to ‘Arqueologia Urbana’ em parceria com
a COOCASSIS (Cooperativa de Catadores
de Materiais Recicláveis de Assis), e des-
de então, a discussão sobre coleta sele-
tiva, reciclagem e a relação de trabalho
dos catadores está sempre presente no
ambiente da empresa. Ao longo de 2017,
as atividades da Contemporânea tiveram
como foco abrir espaços para a temática
também dentro da universidade, buscan-
do propiciar aos estudantes um conheci-
mento crítico e possibilitando, ao mesmo
tempo, que conhecimentos dos coopera-
dos sobre sustentabilidade, reciclagem,
realidade de trabalho, entre outros, sejam
compartilhados.
Uma das estratégias para a realização
dessa meta foi o evento IV Historiadoras
no Século XXI - Mulheres na Historiogra-
fia, ocorrido em agosto deste ano. Foram
convidadas duas catadoras da cooperativa
para conversar sobre suas experiências.
Para encerrar esse ciclo de atividades,
foi exibido o documentário ‘Lixo Extraordi-
nário’ que mostra o projeto com catadores
de materiais recicláveis do aterro de Gra-
macho, no Rio de Janeiro desenvolvido
pelo artista plástico Vik Muniz. A partici-
pação do professor Paulo Henrique Mar-
tinez procurou estimular um debate sobre
o filme. O objetivo da exibição foi discutir
possibilidades de projetos que podem ser
desenvolvidos com esse grupo e sejam
capazes de causar impacto efetivo e dura-
douro para toda a comunidade assisense
e universitária.