Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
99
do silêncio, emanada primariamente da imposição da vontade do
pai, tinha dificuldade para encontrar ali alto-falantes repetidores,
usurpadores das figuras parentais, que fizessem ecoar a ordem da
quietude e calar bocas.
A hierarquia e a autoridade se constituíam ali por caminhos
um pouco diferentes daqueles sulcados por imposições institucio-
nais cristalizadoras de relações de poder que visam dominar e sub-
jugar. Existia sim ali um profundo respeito e admiração por aqueles
que, professores ou alunos, obtinham reconhecimento e autoriza-
ções conquistados na intensidade e extensão da convivência com
o outro, na socialidade concretamente estabelecida. Era assim que
alunos se destacavam como lideranças, políticas ou intelectuais, ou
professores se firmavam perante seus pares ou perante os alunos e
eram admirados, chegando até mesmo a serem objetos de idealiza-
ção.
Mergulhados num clima de liberdade e imbuídos de uma
enorme vontade de mudar o mundo, embalados por ideários re-
volucionários que não faltavam na época, os jovens professores e
estudantes do curso de psicologia estiveram presentes nos aconte-
cimentos que marcaram época: as mobilizações de maio de 1968, a
resistência contra a ditadura militar, a reforma universitária deri-
vada do acordo MEC-USAID, a criação da UNESP, o movimento
pela democratização da Universidade, o movimento pelas Diretas
Já e pela redemocratização do país, a Constituinte de 1988, o “Fora
Collor” e tantas outras mobilizações políticas e culturais mais res-
tritas ou eminentemente locais, porém de considerável importân-
cia.
O envolvimento em todo o processo de redemocratização do
país merece um destaque especial, tanto pela participação expressi-
va de alunos e professores do Curso de Psicologia, como pela mag-
nitude e importância do acontecimento, talvez o último de grande
envergadura e contundência.
A década de 80 iniciou-se com um profundo desgaste da di-
