Page 100 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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tadura militar e com sinalizações claras de que a redemocratização
do país estaria, finalmente, próxima. A Lei da Anistia, promulga-
da pelo governo militar em agosto de 1979, pode ser tomada como
uma inequívoca demonstração de que os militares se preparavam
para deixar o poder. Em 1982, foram restabelecidas as eleições dire-
tas para governadores de Estado, ativando ainda mais os sonhos de
redemocratização, especialmente o de retorno das eleições diretas
para a presidência da república, o que só haveria de acontecer mais
tarde, em 1989, ainda que, quatro anos antes, ocorresse o fim do
regime militar, com a eleição de um presidente civil pelo sistema de
escolha por um colégio eleitoral criado pela ditadura.
Como parte das iniciativas para o restabelecimento da de-
mocracia no país, a universidade começou a rever sua própria es-
trutura e sistema de escolha de seus dirigentes. Por coincidência ou
premiação da história, em pleno fervor da retomada das eleições di-
retas, o campus de Assis teria que renovar sua direção, justamente
em 1983, um ano após a eleição do governador do Estado, depois de
um jejum de 17 anos imposto pela Ditadura.
A vocação de Assis para aventuras pioneiras e tresloucadas,
como de certa forma se revelou na criação do Curso de Psicologia,
haveria de colocá-la no epicentro de um embate que se arrastou por
muito tempo opondo, de um lado, aqueles que insistiam na escolha
dos dirigentes da Universidade por eleições diretas, com a partici-
pação dos três segmentos e, de outro lado, aqueles que insistiam no
sistema então vigente de escolha por um colégio eleitoral. Segundo
esse sistema, o diretor das unidades era escolhido pelo reitor, me-
diante uma lista sêxtupla elaborada pelas respectivas congregações.
O próprio reitor, por sua vez, era escolhido pelo governador do Es-
tado, mediante uma lista composta por seis nomes indicados pelo
Conselho Universitário.
Empurrada pelos ventos da democracia que bafejavam o
país, a então apelidada carinhosamente de “Sorbonne do Sertão”,
agora já rebatizada pela UNESP com o nome de Instituto de Letras,