Page 101 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
101
História e Psicologia, logo no início do ano de 1983, se viu inun-
dada por ondas de mobilizações em torno da realização de eleições
diretas para a escolha do seu novo diretor. A proposta se alastrou,
envolveu as entidades representativas de alunos e professores que
organizaram uma eleição direta, à revelia do estatuto. Foram reali-
zadas campanhas eleitorais, divulgação de propostas, debates entre
os candidatos e, por fim, a votação propriamente dita, aberta a alu-
nos, professores e funcionários. Venceu um candidato que era do-
cente do Curso de Psicologia, mas seguindo o roteiro oficial, a lista
elaborada pela congregação o colocou em último lugar e o Reitor
acabou reconduzindo, para mais um mandato, o então diretor que
era, reconhecidamente, o seu aliado preferido.
A desconsideração do resultado da eleição direta gerou uma
onda de protestos que perdurou por mais de três meses e parali-
sou o
campus
por 70 dias, com a ocupação das dependências da di-
reção. No entanto, apesar das dimensões tomadas pelo conflito, a
intransigência e o uso de instrumentos vários de ameaça e pressão,
por parte do poder estabelecido, acabou por sufocar a mobilização
e impor a vontade do Reitor ao
campus
.
Mesmo com derrota local,
a causa se manteve viva e se alastrou pela universidade, criando si-
tuações semelhantes à de Assis, em outras unidades da UNESP e,
no ano seguinte, atingiu a cúpula da Universidade com uma ampla
mobilização, desta vez, para a eleição direta do Reitor. O mesmo
embate entre forças opostas – pró e contra a eleição – foi travado,
agora envolvendo toda a Universidade. A lista com os nomes in-
dicados pelo Conselho Universitário, totalmente dominado pelas
forças conservadoras da época, ignorou totalmente o resultado da
eleição e sequer colocou o eleito no rol dos nomes sugeridos para
o Governador. Depois de batalhas prolongadas que culminaram
com a invasão da Reitoria pelos estudantes, apoiados por um lar-
go contingente de professores, houve a intervenção do Governador
do Estado, nomeando um reitor
pro-tempore
.
Toda essa ebulição e
efervescência da Universidade ocorreu dentro do grande clamor em