Page 88 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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de pegadas de algum psicólogo ou de alguma demanda de serviços
nessa área. A própria lei que reconheceu e regulamentou os cursos
de Psicologia era bastante recente, editada em 1962, portanto, o
curso de Assis foi um dos primeiros do país.
Quem sabe essa vocação de vanguarda e pioneirismo, rea-
firmadas muitas vezes depois em acontecimentos importantes, te-
nha sido a principal força para a aparição de outro corpo estranho
naquele já espantoso “antro” que se formava às margens da cidade.
A FAFIA, como era conhecida a atual UNESP-Assis, rondava a
cidade com o espectro da intelectualidade e nela vicejavam exóticos
hábitos, valores, costumes, personagens e tantas outras aparições
insólitas, muito diferentes daquelas familiares ao lugar.
A Psicologia viria somar-se a esse estrangeirismo. Afinal,
se era uma ciência e uma profissão relativamente novas no país,
emergentes nos grandes centros urbanos, o que significariam para
a população de uma pequena cidade interiorana, distante 420 km
da cidade de São Paulo, distância que, na época, era aumentada pela
morosidade dos meios de transporte? Uma cidade ligada à capital
por uma rodovia de pista simples e por uma ferrovia na qual circula-
va um lendário trem de passageiros num sinuoso caminho, acompa-
nhando o nível do terreno da região, sem um único viaduto, ponte
ou aterro.
Com esse Curso começaram a chegar mais estranhos ao lu-
gar. A grande maioria dos alunos era proveniente de outras cida-
des, algumas próximas, outras bem distantes, contribuindo para a
diversificação dos “tipos humanos” que passavam a habitar aquele
local suspeito”, já assim visto por uma boa parte da população lo-
cal de mentalidade conservadora.
Em plena década de 60, a Faculdade estava predestinada a
ser representada como o reduto ou a casamata de cabeludos e bar-
budos, subversivos, bichas, putas e drogados. O preconceito era
muito forte e criava, de ambas as partes, um acentuado separatismo.
A distância geográfica que separava o Campus do centro urbano re-