Page 87 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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Talvez estejamos aqui mais como mensageiros de fofocas do
que como testemunha ocular ou auricular de fatos. A propósito, na
década de 70, um livro intitulado
Tratado Geral da Fofoca
,
escri-
to por um psiquiatra famoso, Roberto Gayarsa, era muito popular
e comentado pelos estudantes de psicologia. Na mesma época, ou
um pouco depois, um querido professor do Curso de Psicologia,
pertencente ao Departamento de Filosofia, Wilcon Jóia Pereira,
também escreveu um livro de ficção intitulado A Implosão do Con-
fessionário, cujos personagens eram constituídos pelos comentários
sobre eles que surgiam daqui e dali e passavam de boca em boca na
cidade. Impossível determinar objetivamente a verdade, ainda mais
quando se toma o imaginário como objeto. Nesse caso, a versão aca-
ba sendo mais importante que o fato.
No entanto, estaremos transitando nessa linha tênue entre
realidade e ficção; entre fatos e versões; entre documentos e monu-
mentos edificados pela mitologia; entre lembranças e imaginação,
no esforço de passar para frente tanto o que ouvimos quanto o que
presenciamos acerca da história desse Curso e do Campus.
Conta a lenda que a idéia de se implantar um curso de psi-
cologia na Faculdade de Assis surgiu de professores do curso de Le-
tras, então interessados em desenvolver a área de linguística e que
viam na psicologia uma aliada importante. Se esse era um motivo
forte o suficiente para justificar a criação aqui de um curso de psico-
logia - na época, uma grande novidade no espectro da ciência bra-
sileira e no cenário das profissões - o enigma fica resolvido. É difícil
imaginar outra razão, embora a realidade, muitas vezes, consiga ser
mais fictícia do que a própria ficção. Circula também, no anedo-
tário, que teria pesado, sobremaneira, o interesse da esposa de um
eminente e destacado professor em cursar psicologia.
Fato é que, em 1966, quando o Curso de Psicologia surgiu
em Assis, parecia uma cena surrealista. Não havia uma sintonia en-
tre as imagens associadas a essa ciência e aquelas provenientes do
lugar. Não havia, por aqui, qualquer sinal, por mais sutil que fosse,