Page 74 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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so principalmente no que se refere à infra-estrutura. Havia dificul-
dades para a contratação de docentes, a aquisição de livros para a
biblioteca e a publicação dos trabalhos. Em meados dos anos 60, a
imposição dos acordos MEC-USAID havia estimulado uma ação
crítica por parte de docentes e estudantes que, diante da perspecti-
va da Reforma Universitária, passaram a fazer suas reivindicações.
Aqueles acordos faziam surgir certo receio de que houvesse neles
uma ameaça de privatização daquelas escolas com a supressão do
ensino gratuito. Ao lado disso, já desde algum tempo, o movimen-
to estudantil tomava corpo e suas reivindicações começaram a ser
ouvidas em Assis. As críticas eram direcionadas principalmente à
estrutura hierarquizada e conservadora da instituição universitária,
com suas posições individualizadas, destacando-se a busca desen-
freada para o alcance de posições de destaque na carreira docente.
Além disso, havia o apelo para novos métodos de ensino e para que
as pesquisas estivessem voltadas aos reais interesses do país. Para
isso, propunha-se uma renovação dos métodos de ensino e a adoção
de novas perspectivas. Essa movimentação atingiu Assis tanto na
crítica às dificuldades de infraestrutura como também deu início a
um alerta dos estudantes a respeito dos métodos na condução dos
trabalhos na Faculdade. As queixas dos estudantes recaiam princi-
palmente nas metodologias aplicadas, ávidos de inovações na busca
de novas abordagens, de novas formas de atuação didática contra
o formato de aulas expositivas, excessivamente discursivas, o que
nem sempre correspondia à realidade do departamento de História.
O descontentamento atingia também os docentes que, da
mesma forma, tinham suas reivindicações a fazer. Um dos pontos
críticos era a pouca disponibilidade do tempo integral. Para que
houvesse o cumprimento de uma proposta coerente de funciona-
mento do Departamento seria necessário que os docentes estives-
sem em tempo integral e que esse tempo fosse distribuído de modo
a satisfazer as necessidades de pesquisa, docência e atendimento de
alunos. É preciso lembrar que muitos desses professores eram mui-