Page 60 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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observado a partir de características que são próprias
dele, não do poeta nem do leitor.
3.
Logo, não começar definindo o “tema”, pois isto
equivaleria a fornecer o significado central antes da
análise, isto é, importaria em dispensá-la ou deformá-
la por uma conclusão precoce. A análise poética de-
monstra, freqüentemente, que o “tema” quase nunca
é o “assunto” ostensivo, ou a conclusão expressa; mas
algo escondido, que é preciso descobrir.
4.
Uma análise objetiva e metódica deve começar pelos
elementos por assim dizer “palpáveis” do poema, isto
é, os que só existem nele, não no espírito do autor ou
do leitor. Depois irá para a determinação dos múlti-
plos “sentidos” que brotam da sua dinâmica, e acaba-
rá nos “significados”, projeções do sistema de sentidos
parciais.
5.
Sempre que couber, a primeira operação deve ser o
estudo dos elementos relativos ao gênero onde o poe-
ma se enquadra, pois eles são normas anteriores que se
tornam um ponto de partida impessoal.
6.
A seguir, é preciso esclarecer o sentido de cada pa-
lavra e cada verso.
7.
Em terceiro lugar, focalizar os elementos “mate-
riais”, os mais “palpáveis” de todos: metro, ritmo,
rima, estrofação, pontuação e, sobretudo, a relação
entre eles.
8.
Nessas etapas, é preciso fazer um esforço para pas-
sar da descrição atomizada de cada elemento para a
correlação entre eles, pois é esta que revela a fórmula
própria do poema
*
.
Embora restrito ao poema, esse roteiro pode ser considera-
*
Idem.
Exercício de leitura
.
Texto. Araraquara, 1: 09-21, 1975.