Page 39 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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tífica e tecnológica mundial e o descompasso nacional nesse tocante
foram as justificativas da política posta em prática, que embora te-
nha sido muito bem sucedida em seus objetivos, provocou efeitos
colaterais indesejáveis (especialmente a padronização dos progra-
mas segundo o modelo das áreas tecnocientíficas) que ainda exigem
correção de rumo – o que, de certo modo, já vem sendo atualmente
discutido na CAPES. O programa de pós-graduação emPsicologia,
implantado em 2005, nasceria evidentemente nesse novo formato.
O aspecto cruel dessas mudanças foi, sem dúvida, o pro-
gressivo desprestígio dos cursos de graduação, na universidade em
geral (creio que devemos indagar se isto também vale para o cam-
pus), uma vez que os docentes cada vez mais canalizariam o seu in-
teresse para a pós-graduação e os próprios alunos passariam a ver a
etapa de formação apenas como uma ponte a ser transposta o mais
rapidamente possível para a etapa do mestrado e do doutorado, em-
bora sem o aceno de um mercado de trabalho estável. A par disso,
a aposentadoria de grande número de docentes, experimentados no
período de consolidação da Faculdade, provocada pela política pre-
videnciária do governo, também contribuiu para agravar o quadro
de perda da identidade dos cursos de graduação. A renovação do
quadro docente, ainda inconclusa, tem se dado com a contratação
de profissionais já formados nos moldes da nova política educacio-
nal.
Apesar de todos os percalços, nossa Faculdade não perdeu o
vigor. No entanto, penso que os seus cursos de graduação, ainda que
avaliados entre os melhores do Estado de São Paulo e do país, de-
vemmerecer atenção especial quanto aos seus objetivos e conteúdos
tendo em vista as transformações que ocorrem na sociedade atual.
Que graduandos pretendemos formar e para quê, eis as questões
que talvez devam ser outra vez propostas. Creio que nossos cursos
de pós-graduação, igualmente bem conceituados pela CAPES, de-
veriam também ser objetos da mesma indagação.
Por outro lado, a recente criação do curso de Biotecnologia