Page 38 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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manente sobre a universidade pública. Em contrapartida, o extra-
ordinário crescimento do setor privado de ensino em todos os graus,
especialmente o universitário, revela a consequência nefasta dessa
política.
Nessa medida, antes de tudo, enfraqueceu-se a missão prio-
ritária da nossa Faculdade de formar profissionais habilitados para
o ensino médio e outras funções públicas. O próprio perfil discente
alterou-se de maneira significativa nos cursos de licenciatura, com
o ingresso cada vez maior de alunos que dispensavam, a priori, o
interesse pelo exercício do magistério público nesse grau. De outro
ângulo, a oferta de vagas para a carreira docente no ensino superior
público manteve-se restrita, restando aos jovens licenciados ou o
adiamento da permanência na universidade por meio da freqüência
a cursos de pós-graduação ou o exercício de empregos provisórios e
instáveis nas faculdades privadas. O dilema continua cada vez mais
dilacerante.
Ainda assim, o
campus
procurou alternativas para a nova
realidade, com vistas ao crescimento e à renovação da instituição.
A criação do curso de Ciências Biológicas, em 1990, que comple-
taria o tripé das humanidades, das letras e das ciências, deu-se, en-
tretanto, num contexto desfavorável para as ciências básicas. Já se
vivia um tempo de compreensão puramente instrumental da ciên-
cia, de progressiva exigência de especialização e de produção rápida
e ampliada em todas as áreas. Outro resultado da nova realidade
universitária não deve ser ignorado: o ambiente de competitividade
exacerbada, o desinteresse pela participação nos colegiados da uni-
versidade e mesmo a desmobilização da cultura acadêmica.
Durante a mesma década, os cursos de pós-graduação em
História e Letras da faculdade também foram reestruturados de
acordo com a política nacional de pós-graduação que exigia prazos
mais curtos para a formação de mestres e doutores, bem como o au-
mento da produção acadêmica docente e discente para todas as áre-
as de conhecimento, ignorando especificidades. A competição cien-