Page 175 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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Se esse enlace germinal entre tecnologia e literatura já se
mostrava factível e sem susto, espantando aqueles que acreditam,
de forma tola, que os estudos das Humanidades só se faz com base
em livros e documentos, uma outra ponta de avanço, não tecnoló-
gico, mas poético, já se insinuava neste 2º Congresso. Quando Dé-
cio Pignatari propôs sua tese sobre “a situação atual da poesia no
Brasil” e Cassiano Ricardo fez um balanço entre “22 e a poesia de
hoje”, fez-se viva a discussão, na qual intervieram Affonso Ávila,
Affonso Romano de Sant’Anna, Augusto de Campos, Roberto
Schwarz, Segismundo Spina, Anatol Rosenfeld, Benedito Nunes e
outros. Pode ser que tenha sido essa a primeira discussão pública
do Concretismo, uma vez que seu lançamento oficial se dera pouco
antes, em 1956, durante a 1ª Exposição Nacional de Arte Concre-
ta no MAM de São Paulo. Era ainda verde o movimento, quando
encontrou respaldo acadêmico em encontro no qual o acolhimento
crítico prevaleceu sobre a recusa rabugenta. Não fosse isso ainda
suficiente, deveríamos ainda lembrar que foi, por exemplo, a crítica
literária produzida pelo Concretismo que espanou e arejou a nossa,
ainda muito impregnada de francofilia, forçando a entrada de no-
ções da nascente Teoria da Comunicação (Abraham Moles e Nor-
bert Wiener) e de vozes críticas inglesas e russas, embaladas pelo
Foto 16 - Prof. Dr. Antonio Candido