Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
174
Talvez não seja inteiramente incorreto localizar nesse traço
pragmático do 2º Congresso uma modificação substancial que vem
ocorrendo na construção de recursos documentais e técnicos sobre os
quais se constrói a historiografia literária brasileira contemporânea.
Porque de uma coisa não se tem dúvida: a partir das pesquisas
em torno do acervo de Mário de Andrade, iniciadas no começo
dos anos ‘60, o estudo da literatura neste país ganhou feição nova.
Outras técnicas de acercamento documental foram desenvolvidas
e começamos a nos livrar do dilema que nos punha, aflitos, entre
a crítica rigorosamente textual e aquela de fundo histórico. Os
avanços alcançados a partir dos anos ‘60 não podem ser ignorados.
Mesmo que se tenham acentuado, na década seguinte, as farpas
equivocadas entre “formalistas” e “historicistas”, alimentadas
sobretudo por um contexto político repressivo, que não favorecia
em nada as discussões de teor mais social.
Foi o feliz acoplamento entre História, Sociologia e
Literatura que nos deu um dos livros básicos para a compreensão
do desenvolvimento cultural e literário deste país, lançado quase
junto com esta instituição que se pretendia modelar. A
Formação
da Literatura Brasileira
de Antonio Candido é de 1959 e foi aqui
que se deu sua “conversão” definitiva e irreversível para nossas
hostes. Foi nas salas do velho colégio “Santa Maria” que se deu a
materialização entre o ensino que informa e aquele que forma. Uma
foto histórica desse período, encontrável hoje em livro caprichado
que Vinicius Dantas dedicou à bibliografia de AC,
*
é a perfeita
ilustração desse comportamento profissional que nunca foi posto de
lado pelo professor zeloso: nela, um aluno se mostra atento à tela de
uma máquina, verdadeiro prodígio tecnológico da época. Não eram
apenas os livros que ensinavam, parece querer dizer essa fotografia.
Se bem apetrechada de documentos e bem dirigida, as máquinas
também ensinam.
*
DANTAS, Vinícius. B
ibliografia de Antonio Candido
.
São Paulo:
Duas Cida-
des, 2002.
