Page 121 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
121
va. Fiz parte desse projeto-realidade durante vários anos. O perió-
dico
História
é hoje indexado e respeitado internacionalmente. Em
1971
experimentei forte crise de stress, felizmente superada pelo
conforto da família e dos amigos. Aprendi muito. Passei a dar mais
valor ao futebol que reunia professores, funcionários e alunos, ao
menos duas vezes por semana após o expediente. A camaradagem
e a cervejinha gelada, logo depois, eram fundamentais para o equi-
líbrio. A casa dos Godinho era passagem obrigatória pela hospita-
lidade, afetividade e alegria corintiana. Em 1972 defendi meu dou-
torado, na USP, sobre a Companhia de Comércio de Pernambuco e
Paraíba, mostrando os mecanismos da colonização monopolista no
nordeste e da “acumulação primitiva“ na Europa. Em termos fun-
cionais, passara a Regente e os “apertos financeiros” terminaram.
Eu digo sempre que a carreira universitária é gratificante pela pes-
quisa, pelo que se ensina e também pelo salário. Questão de tempo
e carreira docente. Evidentemente, para quem não sonha ser milio-
nário. Fiz minha Livre-Docência em 1981 e, logo após, o concurso
deTitular. Chegamos a devolver uma vaga deTitular, imagine-se...
Nossa vida no Departamento de história era de irrestrita
colaboração profissional. E as amizades floresciam, paralelamente.
Nossos filhos chamavam nossos colegas de tio (no sentido tradicio-
nal do termo e no que implicava de afetividade). Até hoje, após 43
anos, os meus filhos falam no tio Lelo, no tio Nilo e os filhos deles
me dispensam o mesmo tratamento. Buscamos permanentemente a
afirmação do Departamento de História no Câmpus. O Diretor era
indicado pela Cesesp (Coordenadoria do ensino superior do Estado
de São Paulo) e nós, professores de Assis, votávamos na indicação
do Assistente de Diretor. Numa das vezes, Virgílio atendeu ao nos-
so pedido de se candidatar e pedimos-lhe que votasse nele próprio.
O comportamento ético era absolutamente impecável no campus.
Mas seria uma atitude política. Quando os votos foram apurados,
Virgílio teve a totalidade dos votos. Ele ficou rubro e desconfortá-
vel. Foi muito engraçado. História assumia a Assistência de Dire-