Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 1061

28Todo mundo se admira da
mancada que a Terezinha deu
29Que deu no pira
30E ficou sem nada ter de seu
31Ela não quis levar fé
32Na virada da maré
33Mas que malandro sou eu
34Pra ficar dando colher de
chá
35Se eu não tiver colher?
36Vou deitar e rolar
37Você já entrou na de voltar
38Agora fica na tua
39Que é melhor ficar
40Porque vai ser fogo me
aturar
41Quem cai na chuva
42Só tem que se molhar
43E agora cadê, cadê você?
44Cadê que eu não vejo mais,
cadê?
45Pois é, quem te viu e quem
te vê
46Quaquaraquaquá, quem riu?
47Quaquaraquaquá, fui eu
48Quaquaraquaquá, quem riu?
49Quaquaraquaquá, fui eu
50O vento que venta aqui
51É o mesmo que venta lá
52E volta pro mandingueiro
53A mandinga de quem
mandingar
54Quaquaraquaquá, quem riu?
55Quaquaraquaquá, fui eu
56Quaquaraquaquá, quem riu?
57Quaquaraquaquá, fui eu
A canção trata de uma discussão amorosa. O sujeito (narrador-ator)
inconformado com a atitude da amada, denominada no texto como Terezinha, por ela o
trair, está decidido a não reatar o relacionamento. Ele está orgulhoso, soberbo pois não
considera a traição um motivo para sentir-se constrangido e humilhado perante os
outros. Acredita que foi a amada quem não levou vantagem nessa atitude. O título
Vou
deitar e rolar
exibe de forma clara esse sentimento de desprezo pela amada e também a
defesa de sua ideia sobre o ocorrido. Assim, seu propósito é que Terezinha esquive-se,
ou seja, seu OV é o afastamento e este é um valor positivo no texto. A oposição
semântica que fundamenta o sentido textual é proximidade (disforia) x afastamento
(euforia).
A narratividade, ou seja, a transformação ocorrida no texto dá-se pela
aproximação e distanciamento de Terezinha ao sujeito. Para que essa transformação se
validasse, foi preciso passar por quatro estágios: manipulação, competência,
performance e sanção.
O sujeito manipula a amada a esquivar-se por provocação.Ele promove a todo
momento a chantagem usando verbos no imperativo
(
não
venha
querer se consolar/ que
agora não
mais pé; agora
fica
na tua)
;
com expressões atrevidas
(Também, quem
mandou se levantar?/ Quem levantou pra sair perde o lugar; /Porque vai ser fogo me
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