Catálogo da Hemeroteca do Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP) - page 223

Ca t á l ogo da Heme r o t eca do Cedap
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publicava quadros centralizados nas primeiras e últimas páginas que analisavam e
sintetizavam os acontecimentos que se desenrolavam nos mais diversos cenários
internacionais. Durante a guerra, o jornal trazia, ainda, quantidade variada de fotografias
e mapas explicando a estratégia de guerra dos aliados e as consequências das vitórias e
derrotas em todos os campos de batalha, da Europa ao Pacífico. Entretanto, àquele
tempo, os textos eram aglomerados, formando um caleidoscópio de informações que
eram sobrepostas, o que tornava a leitura cansativa e difícil. Durante muito tempo, o
jornal efetuou reformas para modificar essa realidade, o que parece ter conseguido
somente a partir da década de 1980 e 1990, devido, em grande parte, à concorrência.
DESCRIÇÃO
: Na sua fundação, o jornal defendia os interesses das classes que lutavam
pela abolição e pela Proclamação da República. Após essas conquistas, os proprietários
do periódico sempre estiveram envolvidos nas constantes batalhas políticas que se
travaram durante a República Velha. Apoiaram a campanha civilista de Rui Barbosa para
a presidência, aproximaram-se do Partido Republicano Paulista e defenderam os
interesses da elite de São Paulo, que tinha no café a sua principal fonte de riquezas.
Durante a década de 1920, após o rompimento com o PRP, apoiou a fundação do Partido
Democrático e, nos anos 1930, esteve no epicentro de vários e determinantes
acontecimentos políticos do Brasil. Em 1930, apoiou a revolução que levou Getúlio
Vargas ao poder; dois anos depois, em 1932, os proprietários do jornal faziam parte da
liderança da Revolução Constitucionalista, que, derrotada, culminou com o primeiro exílio
que a família Mesquita conheceu. Após o retorno à ordem constitucional, com a Carta de
1934, o jornal lançou a candidatura de Armando de Salles de Oliveira, cunhado de Júlio
de Mesquita Filho, à presidência da República, em 1937. No mesmo ano, porém, Getúlio
Vargas desferiu o golpe do Estado Novo, e, no ano seguinte, novo exílio para Júlio de
Mesquita Filho, seu cunhado e amigos, entre eles, Paulo Duarte. Com a queda desse
regime, em 1945, e a redemocratização do país, o jornal voltou às mãos da família
Mesquita que, desta data em diante, combateu qualquer tentativa de continuidade com o
legado getulista. Em 1964, o jornal apoiou o golpe militar e, novamente, em virtude de
desentendimentos quanto ao sentido da revolução, foi silenciado, em 1968. Com a
presença de um censor na redação, surgiu a ideia de publicar, no lugar das matérias
cortadas ou proibidas, receitas de bolo e versos de Camões, o que evidenciava ao leitor,
a atuação da ditadura na imprensa. Na década de 1970, o jornal ampliou seu campo de
atuação, ao criar a “Agência Estado” e o “Estúdio Eldorado”. Em 2000, lançou o portal do
“Estadão” na Internet, apontada como desafio e responsável não só pela diminuição do
número de assinaturas e vendas, mas também pela crise porque passa a imprensa
mundial.
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