metadiscurso é apresentado como um tipo de metalinguagem caracterizável por
ocorrências variadas e fortemente presentes em todo discurso.
Os resultados das pesquisas empreendidas por Borillo (
Op. cit.
) assumiram
posição de destaque em diversos trabalhos fundamentados, no Brasil, em uma
perspectiva textual-interativa. Com o advento dos estudos sobre referenciação, por fim,
a noção de metadiscursividade sofre reconsiderações. Nesse contexto, a
metadiscursividade não tem sido analisada como uma categoria autônoma, mas como
uma das estratégias que promovem a recategorização do referente, aqui concebidos
como objetos-de-discurso. Para tal assumin-se, conforme destaca Jubran (2005, p.219),
que “os objetos-de-discurso são elaborados pelos sujeitos, em um processo dinâmico e
intersubjetivo, ancorado em práticas discursivas e cognitivas situadas social e
culturalmente, bem como em negociações que se estabelecem no âmbito das relações
interacionais”.
No contexto dos processos de referenciação apresentados por Marcuschi e Koch
(2006), a metadiscursividade recebe uma classificação à parte, à medida que apesar de
conferir, como as demais categorias (
descrições definidas
ou
indefinidas
, as
nominalizações
e as
anáforas associativas)
, um aspecto particular a um elemento
primeiro, denominado “fonte”, e modificá-lo de alguma maneira, as “estratégias
metadiscursivas” instituem o próprio discurso como objeto-de-discurso, diferenciando-
se das demais, caracterizadas por instituírem como objetos-de-discurso elementos
relativos ao desenvolvimento do tópico discursivo.
Partindo desse ponto de vista, Jubran (2005) estabelece uma rica descrição das
modalidades de metadiscurso, dispondo-a em cinco categorias divididas em subgrupos:
a) Referências à formulação lingüística do texto (comentário sobre a adequação ou não da palavra
ao registro de fala que está sendo usado, explicitação da referência conferida a um item lexical,
sinalização da pertinência relativa da palavra às referências pretendidas, dentre outros); b)
Referências à estruturação do texto (marcação de retomada de tópico, indicação do estatuto
discursivo de um fragmento do texto, etc.); c) Referências às instancias co-produtoras do texto:
falante/escritor – ouvinte/leitor (indicação de outras fontes enunciadoras do discurso para apoio ou
refutação de argumentos ou mesmo para preservação de face, indicação do processo dialógico que
envolve locutor e interlocutor, dentre outros); d) Referência a papéis discursivos e sócio-
institucionais e a atividades linguageiras; e) Referências ao ato comunicativo.
Note que, mais uma vez, a ligação entre metadiscursividade e argumentação é
reafirmada, especificamente pela subcategoria “indicação de outras fontes enunciadoras