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Nosso
Câmpus
setembro/2012
SILALP
Literatura Africana é tema de simpósio na UNESP
Nos dias 18 e 19 de se-
tembro a UNESP/Assis or-
ganizou a quarta edição do
Silalp - Simpósio de Litera-
turas Africanas de Língua
Portuguesa - e reuniu em
dois dias participantes do
câmpus e de várias outras
regiões, como por exemplo,
Minas Gerais, Rio Grande
do Norte, Paraná, Rio Gran-
de do Sul, entre outras.
De acordo com um dos
professores organizadores,
Rubens Pereira dos Santos,
o objetivo foi reunir interes-
sados em um estudo especí-
fico das literaturas produzi-
das em língua portuguesa,
principalmente em países
africanos.
“
Este ano, o encontro
privilegiou o diálogo e as
relações das literaturas afri-
canas de língua portuguesa;
por esta rezão, propuzemos
o tema geral “Diálogos lite-
rários além-mar: relações
entre África, Brasil e Portu-
gal”, promoção do Departa-
mento de Literatura”, expli-
cou professor Rubens.
“
Primeiro vencemos o es-
paço. Conseguimos, graças
ao empenho do professor
Rubens, aproximar o Brasil
da geograficamente distante
África e ao mesmo tempo
muito próxima sob diver-
sos aspectos, principalmente
pela língua e pelos estudos li-
terários”, comentou o profes-
sor Márcio Roberto Pereira,
também da organização.
Segundo ele, o Silalp, por
ser o quarto evento, já se con-
sagra como um veículo de
tradição, que busca salientar
as semelhanças ou diferen-
ças nos sistemas e expressões
literários que marcam as lite-
raturas produzidas em língua
portuguesa. No princípio,
tudo era novidade, tudo era
diferente. Hoje, as literaturas
nos países lusófanos são cada
Nayana Camoleze
vez mais familiares, fazen-
do que a distância do Brasil
em relação a Cabo Verde,
Moçambique, Guiné-Bissau,
Angola e São Tomé e Prínci-
pe fique cada vez menor, es-
treitando os laços entre eles”,
acrescentou Márcio.
O professor Márcio ex-
plica, ainda, que a UNESP
fortaleceu um núcleo de pes-
quisa marcado pelo diálogo
literário e por reflexões sobre
a cultura “do outro”, levando-
-
se em conta a sua literatura
e a sociedade em que vive.
“
Dessa forma, nasceu o
tema: Diálogos literários
além-mar: relações entre
África, Brasil e Portugal.
Pensar o diálogo literário é
pensar também as relações
políticas, econômicas e so-
ciais estabelecidas duran-
te séculos de colonização
portuguesa na África e no
Brasil. Esse é o desafio que
se tem quando se debruça
sobre a representação da re-
alidade, ou realidades, que
compõem as literaturas afri-
canas”, observou ele.
“
Abriu o Simpósio, a pro-
fessora da USP, Tânia Ma-
cedo, grande referência no
Brasil em estudos literários
sobre este assunto, com a
palestra
“
Relações literárias
entre os países de língua
portuguesa”
traçando uma
relação entre as literaturas
africanas e brasileiras, em
uma discussão bastante pro-
veitosa, que contou com boa
participação dos presentes.
A professora já lecionou da
UNESP de Assis, período
em que introduziu os estu-
dos das literaturas africanas
na unidade, fundamenta-
da em sua experiência por
ter vivido em Ângola e por
ter publicado vários livros
sobre o tema”, comentou o
professor Rubens.
No dia 18, após minicur-
sos, as oficinas e o espaço
para as contações de história,
a professora da UNIFESP,
Susana Ramos Ventura, fez
a última palestra do dia so-
bre o tema
“
Visões de Mo-
çambique nas Literaturas
Portuguesa e Moçambicana”,
tratando de autores moçam-
bicanos importantes na lite-
ratura jovem atual
.
No dia 19, além da pa-
lestra da professora Jurema
Oliveira, da UFES, que ex-
pôs sobre
“
O realismo ma-
ravilhoso em Mãe, materno
mar e O reino deste mun-
do”,
houve sessões de co-
municação, em que foram
apresentados 30 trabalhos,
número considerado acima
da média, e mesa redon-
da com a participação dos
professores Rubens Pereira
dos Santos (UNESP/Assis),
Lúcia Helena de Oliveira
(
UNESP/ Assis) e Márcio
Roberto Pereira (UNESP/
Assis). Encerrando o dia,
um sarau literário foi aberto
a toda comunidade.
“
A palestra com a profes-
sora Jurema (foto) também
foi muito interessante, ela
discorreu sobre escritores
angolanos e suas literatu-
ras atuais, como Luandino
Vieira, que segue a linha
de nosso Guimarães Rosa;
para os alunos da UNESP,
acredito que encontros
como este são fundamen-
tais, pois em primeiro mo-
mento conhecemos outras
culturas, como as africanas
expressas em sua literatura;
esses eventos levam-nos a
valorizar nossa literatura;
é ter em conta que a língua
portuguesa. As literaturas
produzidas nos países de
língua portuguesa mostram
que as relações entre Brasil,
Portugal e África ultrapas-
sam o período colonial e
constituem-se hoje, refe-
rências que merecem nosso
estudo e comprometimento
científico-literário”, acres-
centou o professor Rubens.
A professora Jurema fez uma palestra sobre escritores angolanos e suas literaturas
Foto: Bruno Silo