SEGURANÇA
Estudantes debatem sobre segurança
pública na cidade de Assis
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Nosso
Câmpus
set-dez/2011
No mês de setembro
diversos
estudantes
da
UNESP, câmpus de Assis,
organizaram reuniões para
discutir problemas relacio-
nados à segurança pública
na cidade. Essa iniciativa
partiu da constatação de
elevado número de ocorrên-
cias de assaltos, o que gerou
um sentimento de insegu-
rança por parte dos alunos,
bem como da população.
Ao todo foram três reu-
niões, cujos participantes
eram estudantes do câm-
pus. O intuito foi discutir a
questão não apenas de ma-
neira pontual, mas debater
a segurança e o que está por
trás dessa forma de violên-
cia. Entende-se que esse
tema é bastante complexo
e interligado com diversos
fatores que devem ser cui-
dadosamente trabalhados,
para que não seja uma so-
lução superficial ou apenas
provisória. O objetivo é que
todos possam pensar em
soluções a médio e longo
prazo, de maneira mais pro-
funda.
De acordo com o estu-
dante de psicologia, Rodri-
go Andrade, o diálogo com
a população de Assis é es-
sencial, pois esse problema
não deve ser apenas da co-
munidade acadêmica. Afi-
nal, antes de serem estudan-
tes, todos são moradores.
Além disso, também
houve um diálogo com o
CONSEG (Coordenadoria
Grupo de Pesquisa debate medicalização por meio de filmes
1
Nosso Câmpus
setembro/2012
disso, promover o debate so-
bre os múltiplos determinan-
tes que podem desencadear
tal processo.
Os filmes são exibi-
dos mensalmente e, a cada
encontro, há um convida-
do para debater o assunto.
A próxima exibição será do
filme “Geração Prozac”, que
conta a história de uma es-
tudante, interpretada por
Christina Ricci, que tem pla-
nos de cursar Jornalismo na
conceituada Universidade de
Harvard. Porém, problemas
familiares fazem com que a
personagem entre em pro-
funda depressão, o que abala
seus planos para sua carreira.
Aos poucos, ela se vê afastada
de sua melhor amiga e do seu
namorado. Ao decidir procu-
rar ajuda profissional, a es-
tudante marca uma consulta
com uma psicanalista que lhe
receita o antidepressivo Pro-
zac.
O convidado esco-
lhido para debater o filme é
o professor Leandro Ansel-
No dia 18 de outubro será
apresentado, às 17h, no mi-
ni-auditório de História, o
terceiro filme que integra o
1
° Ciclo de Filmes do grupo
de estudos e pesquisas cha-
mado “Medicalização do so-
cial no contemporâneo”. O
objetivo do evento é promo-
ver um debate acerca do uso
excessivo de medicamentos
na contemporaneidade, vis-
to como um problema que
necessita ser discutido, em
especial, no âmbito acadêmi-
co. No câmpus de Assis, essa
demanda é ainda maior, uma
vez que tem o curso de Psico-
logia para graduandos e pós-
-
graduandos.
A intenção do grupo
de estudos é aprofundar suas
reflexões acerca do processo
de medicalização da socieda-
de no contexto da contem-
poraneidade e o mal-estar
causado por tal prática. Além
Mayara Pavanato
mo Todesqui Tavares, dou-
torando e mestre em Psico-
logia pela UNESP de Assis.
Seu mestrado foi sobre “A
depressão como ‘mal-estar’
contemporâneo: medicaliza-
ção e (ex)-sistência do sujeito
depressivo”.
O grupo de pesquisas
é coordenado pela doutoran-
da Daniele Ferrazza e pelo
mestrando Kwane Poli dos
Santos, ambos do curso de
Psicologia. De acordo com
Kwane, as reflexões suscita-
das pelo grupo de estudos
não representam que este é
contrário ao uso de medica-
mentos, mas sim ao exces-
so de patologias nos diag-
nósticos e ao uso irrestrito
de psicofármacos. Nota-se,
atualmente, um movimento
debatendo essa questão, en-
grossado inclusive pelo Con-
selho Regional de Psicologia
(
CRP). Justifica-se a necessi-
dade desse movimento, uma
vez que o uso do medica-
mento Ritalina, por exemplo,
cresceu cerca de 400% nos
Estadual dos Conselhos Co-
munitários de Segurança).
Trata-se de um órgão que
está, atualmente, em 522
municípios do Estado de
São Paulo, incluindo a cida-
de de Assis. De acordo com
a Coordenadoria, “os CON-
SEGs são grupos de pessoas
do mesmo bairro ou muni-
cípio que se reúnem para
discutir e analisar, planejar
e acompanhar a solução de
seus problemas comunitá-
rios de segurança, desenvol-
ver campanhas educativas e
estreitar laços de entendi-
mento e cooperação entre
as várias lideranças locais”.
Os estudantes, durante as
reuniões, optaram por ain-
da não entrarem em conta-
to de maneira oficial com
últimos anos.
Há uma crítica feita
pelos pesquisadores também
ao Manual de Diagnóstico
Estatístico (DSM), criado
para auxiliar o diagnóstico,
pois cataloga aquelas que são
consideradas doenças psico-
lógicas. Porém, seu uso está
cada vez mais banalizado e
tudo tem se tornado patolo-
gia. Se a criança está agita-
da, logo já é diagnosticada
com Transtorno de Déficit de
Atenção com Hiperatividade
(
TDAH) e passa a ser medi-
cada, sendo que muitas vezes
ela não apresenta de fato tal
necessidade.
As reuniões do grupo
são abertas a todos e aconte-
cem a cada 15 dias, às quin-
tas-feiras, na sala 7 do prédio
de Psicologia, às 14h.
A proposta é buscar soluções e parceria com a comunidade para o combate à violência
Mayara Pavanato
a Polícia Militar, nem bus-
car auxílio de vereadores
e prefeitura. Isso porque a
cidade encontra-se em pe-
ríodo eleitoral e eles não
gostariam de firmar víncu-
lo algum dessa natureza no
presente momento. Além
disso, o grupo tem caráter
apartidário, sem qualquer
tipo de filiação.
A próxima reunião do
grupo está marcada para o
dia 20 de outubro e tem por
objetivo contar com a parti-
cipação de mais estudantes,
bem como de representantes
de associações de bairro e de
quaisquer pessoas que quei-
ram participar.
O intuito é promover o debate acerca do uso cada vez mais constante de medicamentos nos tratamentos psicológicos
Foto: psicologiadospsicologos.blogspot.com
Geração Prozac” será debatido pelo professor Leandro Tavares
Foto: skyscrapercity.com
Vista da Avenida Rui Barbosa, em Assis