Page 94 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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psicologia brasileira, o Curso de Assis fica a boa distância, mas se
tomarmos como referência o marco da regulamentação oficial da
profissão, fica muito próximo dessa fundação e até passa a ser par-
te dela, por ter participado da formação dos primeiros psicólogos
egressos de cursos oficialmente regulamentados. Indubitavelmen-
te, o pioneirismo bandeirante do Curso de Psicologia de Assis con-
tribuiu significativamente para o avanço da produção científica, da
formação de profissionais e do próprio exercício dessa profissão em
nosso país. Não se pode ignorar que foi o terceiro curso criado no
Estado de São Paulo e, portanto, teve influência marcante na forma-
ção dos primeiros profissionais que, após a regulamentação da pro-
fissão, foram responsáveis pela expansão da psicologia, nas diversas
especialidades.
Os formandos acabavam se dirigindo para os grandes cen-
tros, principalmente para a cidade de São Paulo, onde encontravam
as melhores oportunidades de trabalho. Era um tempo em que, com
poucos psicólogos formados e a profissão em expansão, não havia
maiores dificuldades para se encontrar um emprego ou se estabele-
cer como profissional liberal. Aliás, é importante registrar que nas
décadas de 1960 e 70 o ensino superior, ainda mais esse que chegava
ao interior pelas faculdades estaduais, era visto como um ensino de
excelência científica e intelectual. Nele se concentrava a elite “pen-
sante” e crítica: a vanguarda do conhecimento e da produção cien-
tífica e cultural. A busca por um curso superior, na época, diferen-
temente do que ocorre atualmente, era movida, fundamentalmente,
pelo desejo de aceder ao universo de um conhecimento refinado, de
veio fortemente crítico, criativo e emancipável. A habilitação técni-
ca para o exercício de uma profissão era a última coisa visada por um
estudante dessa época. A juventude queria sim transformar o mun-
do, perseguir as utopias de uma sociedade livre, justa e esclarecida e
não simplesmente retirar dela o ganha pão de cada dia.
Por isso mesmo, havia uma forte participação da comunida-
de universitária na vida política e isso fazia parte do espírito acadê-