Page 82 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
82
cidade e de nossa competência e da qualidade de nosso curso. Uma
outra argumentação contra nossos cursos era a questão da especia-
lidade, talvez a pureza da disciplina. Até então, estávamos na busca
de uma interdisciplinaridade, aproximando a História das Ciências
Sociais e da Filosofia. Na maneira de pensar dos técnicos das novas
propostas, as disciplinas teriam que ser específicas, contrariando as
tentativas de interdisciplinaridade. Junto com isso, a transferência
do curso de Filosofia para Marília foi outro rude golpe.
Eu não queria citar nomes, mas nesse particular não posso deixar de
mencionar a atitude firme e decidida da professora Glacyra Lazzari
Leite, na condução do Departamento de História, num momento
extremamente delicado e difícil. O Departamento havia recente-
mente sofrido algumas baixas em razão da saída de alguns colegas
por várias razões. Por outro lado, a transferência do curso de Fi-
losofia para Marília havia tirado do Departamento a possibilidade
de contar com professores da área de Teoria do Conhecimento e
de História das Idéias. A professora Glacyra teve a habilidade de
congregar o Departamento, dando a ele uma forte coerência, con-
duzindo uma luta comum, passando a liderar uma campanha de
convencimento sobe a qualidade do Departamento, desarmando
argumentos negativos e chegando mesmo a um confronto com a
Reitoria e commembros do Conselho Universitário. Essa ação teve
o mérito ainda de não desmerecer os trabalhos desenvolvidos nas
unidades de Franca e de Marília. Depois de uma luta, com muita
argumentação, foi assegurada a manutenção do Departamento de
História e de seu curso em Assis.
Foram essas escolas que, criadas dessa forma, em determi-
nado momento se viram integradas numa universidade, num pro-
cesso que não resultou de sua própria vontade e de uma forma não
condizente com os princípios democráticos que devem reger a vida
universitária. Isso não quer dizer que a integração numa universi-
dade não fosse aspiração daquelas escolas, mas o processo de criação
da UNESP, além de artificial, foi penoso para quem aspirava a um