Page 76 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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postas do Conselho Estadual de Educação, responsável pela condu-
ção dos Institutos Isolados, de transformação daquelas escolas em
autarquias, que na nossa maneira de ver, estava associada à questão
da privatização do ensino público, implícita dos termos do acordo
MEC/USAID. Falava-se também na transformação dos Institutos
Isolados em Fundações, o que vinha reforçar aqueles temores. As-
sim, da mesma forma como ocorreu entre os estudantes, os docentes
foram levados a procurar juntar os esforços entre as várias Faculda-
des a fim de encontrar soluções coletivas. Para isso, foram realiza-
dos encontros em Araraquara e Rio Claro. Esses dois encontros,
realizado às vésperas do Congresso de Ibiúna, produziram textos
elucidativos a respeito das aspirações dos integrantes dos Institutos
Isolados.
Essas discussões acabaram sendo prejudicadas com a queda
do Congresso de Ibiúna, com a imposição do AI-5 e com o decreto
477.
As assembléias haviam possibilitado a formação de uma lide-
rança que passou a ter uma importância especial nos acontecimentos
de então. Ao mesmo tempo, essas pessoas que mais se destacaram
no decorrer dos debates ficaram bastante visadas, permanecendo na
mira dos aparelhos da repressão. Apesar da reação contrária, as dis-
cussões ocorridas durante a realização dos fóruns permitiram que
certos assuntos fossem discutidos internamente no Departamento,
na tentativa do atendimento das reivindicações estudantis. Era uma
excelente oportunidade para que o Departamento pudesse propor
algumas inovações. As discussões tratavam de propostas de novas
metodologias de trabalho, de uma revisão na rede curricular, tanto
em seu aspecto formal quanto no sentido de possibilitar escolhas.
Lembramos que na época era grande o prestígio das Ciências So-
ciais e da Filosofia, abrindo espaços para a interdisciplinaridade,
propondo a quebra da rigidez das formas de estudo da História
em seus redutos próprios. Havia, ainda, a possibilidade de integra-
ção com disciplinas como a Antropologia para os estudos de etno-
história. A convivência com o curso de Filosofia abria as portas