Page 46 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
46
50
anos, expresso nas homenagens prestadas e nos poemas de Cecí-
lia Meireles, em especial “Retrato”. Situado na abertura da
Agenda
,
o poema funciona como um dos seus motivos temporais ao poetizar
o desencantamento do mundo, manifestado na contraposição - pró-
pria da concepçãomítica das origens, por exemplo - entre um outro-
ra, visto como alegre, doce e vigoroso, e um agora, em que se sente
a perda dessas virtudes, com seus traços “triste, amargo e frio”, que
aludem implicitamente à figura - chamada por Manuel Bandeira de
a indesejada das gentes”, de “iniludível”
*
-
da morte. Este, aliás,
é o “memento homo”, a presença-ausência em toda comemoração,
para sermos piedosamente paradoxais, ou para servirmo-nos de um
duro oxímoro, conforme deixa ao encargo da sensibilidade do lei-
tor o grupo de produtores da
Agenda Comemorativa
,
a quem presto
aqui minha homenagem por ter elegido poemas como o de Cecília
Meireles (“Retrato”) para falar da vida e da morte na e da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Assis. Ao lê-lo aqui, reverencio
saudosamente a memória de todas as pessoas de nossa comunida-
de universitária que já nos deixaram, nomeadamente a do professor
Antonio Augusto Soares Amora, primeiro diretor e fundador da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis – FAFIA, a da
professoraVilma Rodrigues – docente de alemão e minha amiga -, a
do professor Celso Pontara, cujo inexplicável assassinato clama por
justiça, e a da professora e psicóloga Ilda Aparecida Caruso, parcei-
ra leal na direção da Faculdade de Ciências e Letras, entre 1991 e
1995.
Embalado por essa perspectiva, propunha-me eu, então,
além de rememorar com mais detalhes esses estimados colegas,
homenagear, tecendo considerações pormenorizadas, mais algu-
mas outras pessoas dentre aquelas muitas a quem me ligam laços
de apreço, amizade ou reconhecimento, quer da esfera acadêmica,
quer da administrativa, ao longo dos meus quarenta e sete anos nes-
*
BANDEIRA, Manuel. Consoada. In: _____. P
oesia completa e prosa
.
Rio de
Janeiro: Aguilar, p. 307.