Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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(2003),
transformado no presente ano em Engenharia Biotecno-
lógica, representa não só um momento marcante de renovação do
campus, como também do seu ingresso definitivo no novo formato
institucional e científico caracterizado pela preponderância e hege-
monia das tecnociências. Sem dúvida, o que é novo gera atitudes
muitas vezes contraditórias: resistência, adaptação, perplexidade.
Qual a nossa visão sobre a universidade em que atuamos?
Marilena Chauí considera que a universidade dos dias de
hoje tornou-se compulsoriamente operacional, uma vez que, sub-
metida a poderosas exigências frequentemente impostas de fora —
pelo governo, pelas agências de fomento e até pelas empresas —,
está mais preocupada com os resultados numéricos do seu trabalho,
pouco se indagando se cumpre ou não, e de que modo, o seu papel
de formar profissionais-cidadãos
*
.
Por outro lado, cada vez mais
descapitalizada, de acordo comBoaventura de Souza Santos
**
,
ela se
vê na contingência de se reconfigurar plenamente como universida-
de de massa, o que é em princípio aceitável e inevitável no processo
de democratização dos bens científicos, educacionais e culturais,
cada vez mais necessário no mundo e no Brasil, em particular. Ain-
da assim, restaria a ela se perguntar que papel continua a ocupar na
sociedade contemporânea, dita do conhecimento, tendo em vista os
novos lugares de produção, difusão e circulação dos conhecimentos
propiciados pela triunfante indústria cultural, hoje incrementada
com os meios técnico-digitais, acessíveis a grande parte da popula-
ção em tempo real.
Há desafios inusitados a enfrentar na universidade e, espe-
cificamente, em nosso
campus.
Transitamos de um modelo clássi-
co de instituição a outro ainda não inteiramente identificado, mas
que devemos reconhecer para não caminhar às cegas. Tal modelo já
*
CHAUI, Marilena.
Escritos sobre a Universidade
.
São Paulo: Editora UNESP,
190.
**
SANTOS, Boaventura de Sousa.
A Universidade no Século XXI
:
para uma
reforma democrática e emancipatória da Universidade. São Paulo: Cortez, 2004,
p. 19-26.
