Page 35 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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Os primeiros docentes que passaram por Assis tinham exa-
tamente essas características, tendo aqui lecionado, nos três cursos,
profissionais que se tornaram bem-conceituados na comunidade
acadêmica
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O trabalho em tempo integral e a existência de uma bi-
blioteca com rico acervo bibliográfico contribuíram para que mui-
tos deles desenvolvessem pesquisas originais e alçassem o topo da
carreira acadêmica.
Nas suas primeiras décadas, a Faculdade cumpriu tal missão
com êxito, formando centenas de professores e psicólogos que atu-
aram em numerosas cidades não só da região, mas de outras áreas
do Estado, principalmente no ensino fundamental e médio, sem fa-
lar daqueles que seguiram carreira acadêmica superior. Enfim, toda
uma geração que sonhou com a universidade e nela se reconheceu
como cidadãos e profissionais. Lembremos que muitas dessas pes-
soas eram mulheres das camadas médias que, preparadas pela Fa-
culdade, puderam transpor o espaço doméstico para desempenhar
um papel profissional relevante na sociedade. Lembremos também
que naqueles anos 60 nosso
campus
proporcionou um ambiente fe-
cundo de discussões e engajamento político-cultural, típico de uma
época em que, globalmente, emergia uma cultura jovem inconfor-
mista e libertária.
Tal modelo institucional perdurou, entretanto, por pouco
tempo. Seria embreve abalado por um conjunto de fatores políticos,
econômico-sociais, científico-culturais e tecnológicos. Em primei-
ro lugar, os governos militares, especialmente desde Costa e Silva,
representaram para as universidades brasileiras um sério elemento
tanto de controle e repressão política, quanto de inibição da prática
docente e discente, o que também ocorreu em Assis. Mas o fator
determinante do fim do modelo deu-se no final de 1968, com a Lei
a UNESP. In:
UNESP 30 anos
:
memória e perspectivas. São Paulo: Editora
UNESP, 2006, p. 28-29.
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Podem ser citados, entre outros, os nomes de Antonio Soares Amora (primei-
ro diretor da Faculdade) e Antonio Candido, do curso de Letras.