Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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Sem ignorar os interesses clientelistas e o peso das pressões
políticas que determinaram a escolha dessas cidades, o fato é que a
criação dos Institutos Isolados correspondeu à necessidade de ex-
pansão, interiorização e democratização da educação superior pú-
blica resultante do crescimento populacional urbano no interior,
correlato ao processo mundial.
Assis, um desses menores núcleos urbanos, nascido nas úl-
timas etapas da expansão da fronteira agrícola paulista, crescia re-
lativamente à custa do êxodo rural, como de resto muitas das outras
cidades mostradas na tabela. Sitiantes, fazendeiros, antigos colonos
afluíam para a cidade onde, ao lado de comerciantes e funcionários
públicos, disputavam empregos e o conforto proporcionado pela
modernização urbana. Com a progressiva falência do modo de vida
rural, aspiravam para seus filhos ofícios estáveis, principalmente no
magistério oficial. A educação pública, seja nas escolas primárias e
médias, seja nos cursos superiores, constituía um valor altamente
cultivado pelas famílias e era considerada um dos mais importantes
modos de afirmação e ascensão social. O mesmo processo ocorria
nas demais cidades onde foram criados os Institutos, com a busca e
valorização da educação pelos mesmos segmentos médios da popu-
lação do interior do Estado.
A Universidade de São Paulo era, até então, a principal ins-
tituição pública de ensino superior existente no Estado, mas não
correspondia mais às demandas crescentes da sociedade. Criada em
1934
pela junção de escolas já existentes (Politécnica, Direito, Far-
mácia, Odontologia, Medicina, Agronomia e outras) com a nova
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, destinara-se a formar a
elite política, intelectual e científica de São Paulo
*
.
Uma parcela de
moças e moços oriundos dos estratos médios da sociedade conse-
guiu formar-se na universidade, principalmente nos cursos de li-
cenciatura da Faculdade de Filosofia. À altura de 1950, no entanto,
*
Sobre a criação da USP, ver CARDOSO, Irene A. Ribeiro.
A Universidade da
comunhão paulista. S
ão Paulo: Autores Associados: Cortez, 1982.
