difícil desempenho.
Como avalio minha atuação? O fato de ser mulher diferen-
ciou minha atuação como vice-diretora? Lendo uma entrevista
dada por Fernanda Montenegro na
Folha de São Paulo
(
Ilustrada
- 17/05/2009),
me deparei com a seguinte afirmação: “[...] a gente
está esperando que as mulheres que chegarem ao poder tenhampelo
menos o sentimento do feminino à frente de qualquer outra coisa
e não sejam imitações acentuadas mais contundentes do homem”.
Penso que me identifico com esse pensamento, tentei, sim, no exer-
cício dos poderes que recebia, na qualidade de vice-diretora, atuar
em sintonia com a minha maneira de ser. Sinto-me tranqüila a esse
respeito.
No momento em que recebi o convite da professora Sandra
Ferreira para escrever um depoimento sobre a época de exercício
na vice-direção da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, pensei:
dez anos já se passaram, entendimentos e desentendimentos tam-
bém passaram ou mudaram. Fui, então, reler minhas anotações da
época . O que constatei? Minha visão, hoje, difere muito daquela de
dez anos atrás. Eu havia dito à professora Sandra que achava já ter
algo escrito sobre a minha passagem pela vice-direção da Faculda-
de. Puro engano! Constatei que as anotações que eu tinha guarda-
do estavam completamente defasadas, não correspondiam ao meu
pensamento atual. Achei esse fato muito bom, pois me permitiu
perceber que a memória retém o que realmente foi significativo.
Lembro, por exemplo, de grandes alegrias como de algumas
conquistas importantes que favoreceram a unidade. Quando isso
acontecia, brincávamos dizendo “Foi o Quelce quem fez”, paro-
diando dizeres a respeito de um (péssimo) político muito conhecido
na época. Lembro de profundas tristezas, como quando um amigo,
colaborador de grandes méritos, Professor Merisse veio a falecer
inesperadamente. Lembro, também, de situações esdrúxulas como
quando em um domingo a caixa de água do câmpus estourou. O
Diretor estava atendendo compromissos fora de Assis. Eu fui cha-
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Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
