Page 216 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

entrou na lista sêxtupla da Congregação, mas não foi escolhido pelo
então Reitor, Armando Octavio Ramos. OReitor indicou o Profes-
sor Fernando Manoel de Mendonça.
O desrespeito pela vontade da comunidade provocou uma
forte reação no
Campus
de Assis. Os alunos, apoiados pela maioria
dos professores e funcionários, invadiram a Direção, para impedir
que o Professor Mendonça administrasse a Faculdade. Ato con-
tínuo, organizamos várias comissões, sempre com a participação
paritária de professores, funcionários e alunos, com dois objetivos
principais: um era o de nos responsabilizarmos pela continuida-
de das atividades acadêmicas normais - aulas, conferências -, que
tinham sido suspensas por determinação do Reitor; outro, priori-
tário, era o de ganhar a adesão de outras Unidades da UNESP, de
outras Universidades públicas, de políticos, de pensadores destaca-
dos no meio universitário, da própria cidade, para levarmos a termo
nosso movimento, que reivindicava a demissão do Prof. Mendonça
e a posse do Prof. Quelce. Na verdade, essa reivindicação tinha um
significado essencial de defesa dos princípios democráticos que nor-
tearam a eleição direta e, conseqüentemente, de maior abertura dos
Estatutos da UNESP.
Omovimento foi, então, ganhando dimensões maiores, com
várias matérias e artigos publicados em jornais de grande circula-
ção, instituindo um debate entre favoráveis e contrários a ele, que
acabou por mostrar a contundência da estrutura de poder reinante
na UNESP. Houve, por parte dos dirigentes da UNESP (Reitor e
órgãos colegiados superiores), uma violenta repressão. Dois fatos
foram abusivos: polícia no Campus, que, para o cumprimento do
pedido de reintegração de posse da Diretoria, arrastou os alunos que
estavam na sala da Direção e os jogou fora do Prédio I; composição
de uma Comissão de Sindicância, que terminou seus trabalhos já
condenando, sem nenhum direito prévio de defesa, 14 professores,
7
funcionários e 35 alunos, “acusados de infringir princípios legais”.
As penalidades incluíam demissões de professores e funcionários e
216
Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?