Page 207 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Depoimento 2
Prof. Onozor Fonseca
No fatídico 1º de abril de
1964,
os estudantes da Faculdade
de Assis são convocados para uma
assembléia, pela presidente do DA
Isabel Jorge. Pauta: discussão
sobre o momento político. São con-
vidados os professores: Antonio
Lázaro de Almeida Prado, Virgílio
B. Noya Pinto, Leônidas H. Bae-
bler Hegenberger, Lívia Ferreira
dos Santos, ex-freira, e eu, Ono-
zor Fonseca, recém-contratado.
Queriam ouvir nossa opinião, a
fim de tomar uma posição. Os cinco professores fomos unânimes
em aconselhá-los a serem prudentes, diante de uma situação ainda
imprecisa, pois apenas o Rio Grande do Sul, com Brizola e o III
Exército do general Machado Lopes sustentavam a legalidade. Foi
o que bastou para que algumas pessoas, que nem eram estudantes,
mas que estavam na reunião, inaugurassem, emAssis, a feia prática
do dedurismo: denunciaram-nos como perigosos subversivos, es-
tudantes e professores. O delegado abriu inquérito contra nós cinco
professores e os estudantes: Isabel Jorge, Maria Helena RibeiroTu-
cunduva, Marisa Amaral Gurgel, Maria Regina de Oliveira, Carlos
Erivany Fantinati, Carlos Alberto de Oliveira e Antonio Dimas de
Morais. Dos indiciados apenas dois foram detidos: o aluno de letras
germânicas, Antonio Dimas, e eu.
O inquérito policial encerrou-se em 03 de março de 1966,
com um lapidar despacho do juiz Celso Laet de Toledo César, aco-
lhendo a destemerosa manifestação do promotor Newton de Cala-
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Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
Foto 23 - Prof. Onozor Fonseca