Page 204 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Durante anos, o Clube de Cinema, pode-se dizer, foi um
dos raros espaços onde se discutia política, na Faculdade e na cida-
de. Para resumir e exemplificar: houve um sábado, no Cine Peduti,
sessão das 22 horas, filme
Os Deuses Malditos
,
de Visconti, mais de
80
pessoas ficaram para o debate, encerrado por volta de 2h10, 2h15
da manhã. Ainda conservamos exemplares de textos sobre alguns
dos filmes exibidos.
b) Palestras
À altura de 1975, a censura ainda pesada, eu e Caio Navar-
ro de Toledo programamos uma semana de palestras, para discutir
política. Entre os palestrantes, José Arthur Gianotti, FranciscoWe-
ffort e Florestan Fernandes, todos da USP, sendo que Florestan,
além de cassado, tinha sido praticamente obrigado a se exilar du-
rante um certo tempo. Florestan ficou conosco durante dois dias,
fomos levá-lo para um debate no
campus
de Presidente Prudente.
Outros palestrantes também foram programados, entre eles, Chico
de Oliveira, também alijado da Universidade.
II- A democratização da Unesp
a) A Adunesp e o Conselho Universitário
Criada em 1976 de forma autoritária e afinada com os mé-
todos e objetivos da Ditadura, a UNESP (reunindo os 15
campi
dos
antigos institutos isolados) teve como resposta imediata um movi-
mento de resistência dos professores. Daí resultou a fundação da
ADUNESP, a primeira entidade docente do ensino universitário do
país.
Produto de seguidas reuniões durante meses, nos diferentes
campi
,
a ADUNESP logo se tornou o espaço e o instrumento para
discutir a própria Universidade, bem como a Ditadura, com quem
os seus dirigentes estavam afinados.
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Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?