Page 180 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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mória, cinco livros sobre a presença francesa emMachado de Assis
(
A
poética do legado
.
São Paulo: Annablume, 1995;
As sugestões do
Conselheiro
.
São Paulo: São Paulo: Ática, 1996;
O Napoleão de Bo-
tafogo
.
SP: Annablume, 2000;
Capitu e a mulher fatal
.
São Paulo:
Nankim, 2003;
Cintilações francesas
.
São Paulo: Nankim, 2006); o
de Glória Amaral, que estudou, primeiro, a recepção de Baudelaire
no Brasil (
Aclimatando Baudelaire
.
São Paulo: Annablume, 1996)
e, mais tarde, a contribuição de Roger Bastide para nossa crítica li-
terária (
Navette literária França-Brasil
:
a crítica de Roger Bastide.
São Paulo: Edusp, 2010); o de Maria AugustaVieira, que anda per-
correndo, com seus alunos, os caminhos de Cervantes no Brasil; o
de Regina Campos, que rastreou Gide e Montaigne na obra crítica
de Sérgio Milliet, em 1996 (
Ceticismo e responsabilidade
.
São Paulo:
Annablume, 1996.)
Investigações pontuais como essas mostram-se extrema-
mente úteis, porque são caminho de mão dupla: se de um lado
atestam o grau de nossa convivência com as literaturas estrangei-
ras, revelando-nos a extensão de nossa porosidade [permeabilida-
de] cultural, por outro lado funcionam essas mesmas investigações
como dado precioso para se medir o alcance intelectual de um autor
estrangeiro, informação que interessa, sobretudo, à fonte emissora
desta ou daquela fala literária. Em sendo verdadeira essa avaliação,
lucram os dois lados, porque perfazem um sistema complementar
de informação.
Desdobramento desse espírito investigativo que não se con-
tenta mais com o aprisionamento na cercadura do texto literário são
outras alternativas que vêm ganhando espaço cada vez maior. Pen-
so, por exemplo, na atenção que vem sendo dada à epistolografia,
que ganhou, há pouco, um padrão respeitável de elaboração histó-
rica e crítica, impossível de ser ignorada daqui pra frente. Refiro-
me à correspondência trocada entre Mário de Andrade e Manuel
Bandeira, na edição esmerada que lhe dedicou Marcos Antonio de
Moraes. Atravessar essa edição cuidadosa é o mesmo que assistir à