Page 171 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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como Sorocaba e Campinas, ainda nas mãos de instituições religio-
sas. Eficácia na fixação de um padrão docente para seus professores
de Humanidades, muitos deles ainda saltitando de faculdade em
faculdade, porque nem a Universidade de São Paulo lhes garantia
o instituto sagrado do “tempo integral”. Eficácia no recrutamento
e na mobilização de professores primários e secundários, ansiosos
por alcançarem patamar de formação mais elevado, o que lhe foi fa-
cultado pelos famosos “comissionamentos”, instrumento que lhes
permitiu a ascensão pedagógica e social. Eficácia na dedicação à fai-
na acadêmica, possibilitada por um “tempo integral discente”, que,
pouco tempo depois, se mostrou inviável, infelizmente. Eficácia na
proposta de um curso que não se destinaria tão somente à formação
de docentes para o ensino médio, mas que tinha também em mira
a formação de profissionais equipados para atuarem na imprensa,
na tradução, na atividade editorial. Eficácia coroada de sucesso aca-
dêmico indiscutível, quando, em julho de 1961, três anos apenas
depois de sua fundação, esta Faculdade realizava o 2º Congresso
Brasileiro de Crítica e História Literária, quando o tópico História
Literária ainda não era anátema. Depois do 1º Congresso, realizado
no Recife (1960), e antes do 3º, realizado em João Pessoa (1962), foi
nesta cidade que se reuniram grandes intelectuais deste país, graças
ao empenho dos professores desta Casa, liderados pelo Prof. Anto-
nio Soares Amora (14 abr. 1917 - 20 jan. 1999). A liderança acadê-
mica desse nosso primeiro Diretor favoreceu o trabalho conjunto de
duas forças intelectuais extraordinárias que, nesse momento, atua-
vam nesta Faculdade: Antonio Candido (24 jul. 1918 - ) e Jorge de
Sena (02 nov. 1919 - 04 jun. 1978).
No momento em que comemoramos os 90 anos do primei-
ro, os 30 da morte do segundo e que estamos prestes a lembrar os 10
da morte do Prof. Amora, em janeiro próximo, abra-se espaço para
esta lembrança modesta, mas de coração.
Porque foram estes três professores de mão cheia que deram
a pauta do 2º Congresso. Forambasicamente esses três homens que,