Page 170 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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Estrada de Ferro Sorocabana? É a mesma história? É a mesma ex-
periência coletiva? É a mesma vivência, aquela vivência que um dia
esteve carregada de sonhos, de projetos, de decepções, de expecta-
tivas? Um nome não carrega um trajeto, um percurso? Nome não
serve para identificar, para individualizar, para singularizar, para
apartar uma coisa do resto? Se tudo fosse igual, nome pra quê?
Mas o nome também fica sujeito às intempéries da História.
De repente, um poderoso de plantão decide que tal nome não serve
e cria outro. Não porque o nome novo seja mais significativo e mais
certeiro. Mas porque, geralmente, exibe poder de fogo de quem no-
meia. No fundo, porque zera um passado em construção penosa e
faz de conta que tudo é novo e reluzente. A famosa estaca zero. Ma-
nia de país novo, ainda nostálgico das primeiras miçangas vindas do
Tejo.
No entanto, ficar agarrado a esse desconforto provocado por
renomeações intempestivas pode levar também ao imobilismo, à
caturrice nominalista. Melhor que isso é pensar se se deu, de fato,
algum tipo de alteração essencial no percurso do nome trocado. Me-
lhor que nos aferrarmos à discordância é nos esforçarmos para fazer
um balanço do que significam 50 anos de uma vida universitária,
que, nas suas origens, foi pensada e proposta como modelo inova-
dor não para uma cidade e nem mesmo para um Estado, mas para
um país. O que resultou e o que fracassou da proposta inicial e que
recaiu sobre esta cidade como laboratório de experiência acadêmica,
num tempo em que ainda não existia jargão que [se antecipasse à
coisa] nomeasse antes da coisa e no qual não se falava, portanto, em
incubadoras”, em “projetos”, em “metas”, em “índices de produ-
tividade acadêmica”, em “inserção social” etc. Um tempo, enfim,
mais inocente, talvez, mas nem por isso menos eficaz.
Porque eficácia era já o que se buscava, mas sem fanfarra.
Eficácia na descentralização do ensino superior e - impor-
tante! - leigo das Humanidades, em tempo quando elas não ultra-
passavam a cidade de São Paulo e seus arredores mais próximos,