Page 157 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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dade funcionaria como entidade autárquica de regime especial, ten-
do como sede e foro o distrito de Ilha Solteira, a fim de se aproveita-
rem as instalações criadas pela CESP. Portanto, foi implantado um
novo campus naquela cidade. Os demais campi seriam constituídos
nas cidades onde existiam os Institutos Isolados de Ensino Superior
do Estado de São Paulo, como o caso de Assis, fundados ou estadu-
alizados no final da década de 1950 e nos primeiros anos da década
de 1970. Em 1977, foram criados ainda outros dez campi e mais oito
experimentais. Neste mesmo ano, foi publicado o primeiro estatuto
da UNESP, aprovado por um Conselho Universitário Provisório, o
que significou a legitimação da nossa Universidade.
Em 1977 viviam-se ainda tempos da ditadura militar, com
seus desdobramentos nefastos para toda a sociedade. As assem-
bléias estudantis eram acaloradas com críticas ao governo militar
apesar dos riscos que isso significava para todos, em virtude da
existência de agentes disfarçados de estudantes no convívio univer-
sitário. Nessas circunstâncias, após uma das assembléias, fomos à
cidade distribuir panfletos que denunciavam a “carestia de vida”.
Em uma das ruas do bairro Santa Cecília, fomos surpreendidos pela
polícia e conduzidos à delegacia para averiguação. Passados alguns
dias, fomos todos “fichados”; apesar disso tudo não ter tido outros
desdobramentos, além da intimidação, a situação, em si, foi muito
assustadora para quem acabara de sair da casa dos pais para estudar.
Por outro lado, a convivência e as relações com estudantes de outros
campi, líderes do movimento estudantil e pertencentes a diferentes
vertentes políticas da época, eram intensas pelas constantes vindas
deles ao Diretório Acadêmico de Assis, para discutirmos pautas
de reivindicações e a organização do movimento estudantil. Nes-
se contexto, fui eleita Vice-Presidente do Diretório Acadêmico em
1979
e nessa condição participei do I Congresso da UNE, em Salva-
dor, quando os acenos da democracia se anunciavam.
Aliada a essas intensas vivências ocupava-me, ainda, com
a minha sobrevivência, uma vez que os auxílios familiares recebi-